SÃO PAULO, 10 Mar (Reuters) – O desmatamento na floresta amazônica brasileira subiu em fevereiro para o nível mais alto registrado para o mês, mostraram dados oficiais preliminares nesta sexta-feira, destacando os desafios enfrentados pelo novo governo para deter a destruição.
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o cargo em 1º de janeiro, prometendo acabar com a extração ilegal de madeira após anos de crescente desmatamento sob seu antecessor Jair Bolsonaro.
Especialistas e autoridades ambientais alertaram que pode levar anos para reduzir significativamente o desmatamento depois que Bolsonaro cortou financiamento e pessoal em agências importantes.
“Acabamos de deixar para trás um governo que apoiava o desmatamento”, disse o porta-voz do Greenpeace Brasil, Rómulo Batista, na sexta-feira.
“Enquanto a fiscalização e o controle não atingirem toda a região, os desmatadores ilegais podem explorar isso para aumentar esse desmatamento”.
Até agora, há dados limitados para indicar se as políticas de conservação mais agressivas de Lula estão funcionando.
Dados da agência de pesquisas espaciais Inpe mostraram que 322 quilômetros quadrados (124 milhas quadradas) foram desmatados na região no mês passado, 62% a mais do que em fevereiro de 2022 e bem acima da média de 166 quilômetros quadrados do período.
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Também foi a maior desde o início da série de dados do Inpe, em 2015.
Mas, graças aos números de desmatamento abaixo da média em janeiro, o desmatamento caiu 22% nos primeiros dois meses de 2023 em comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo o Inpe.
Em uma apresentação na semana passada, um cientista do Inpe culpou as grandes flutuações de mês a mês na cobertura de nuvens que esconde o desmatamento em imagens de satélite em janeiro, apenas para tê-lo revelado em fevereiro.
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse no mês passado, com base em dados parciais de fevereiro, que era incomum haver um alto desmatamento tão cedo no ano, quando as fortes chuvas dificultam o trabalho dos madeireiros na floresta.
“Eles estão desmatando mesmo na época das chuvas. É uma espécie de vingança contra as ações que já estão sendo tomadas, mas vamos continuar trabalhando para alcançar nosso objetivo”, disse Silva a repórteres.
Reportagem de Gabriel Araujo; Editado por Jake Spring e Andrew Cawthorne
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