Congresso brasileiro reelege líderes, ajudando a agenda de Lula

BRASÍLIA, Brasil — Os legisladores brasileiros votaram na quarta-feira para reeleger os chefes da Câmara dos Deputados e do Senado, reforçando as perspectivas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva de aprovar leis e governar a nação polarizada.

O presidente da Câmara, Arthur Lira, obteve a maior vitória desde que o Brasil voltou à democracia há quase quatro décadas, com 91% dos votos. O presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, garantiu a vitória por uma margem considerável, superando as expectativas dos analistas de uma disputa acirrada e até mesmo de uma possível derrota para seu adversário.

Eles também não são aliados absolutos de Lula, que assumiu o cargo em 1º de janeiro, mas o presidente esquerdista apoiou suas candidaturas e distribuiu cargos ministeriais e outras nomeações para garantir votos. No Senado, seu esforço foi para derrotar a candidatura do senador Rogério Marinho, que foi ministro do governo do antecessor de extrema-direita de Lula, Jair Bolsonaro.

Os dois líderes parlamentares desempenham um papel importante na democracia brasileira. Eles definem a agenda diária dos trabalhos, escolhendo quais projetos de lei serão debatidos e votados, e têm o poder de dar luz verde às investigações do Congresso.

O presidente da Câmara dos Deputados também pode desencadear processos de impeachment contra o presidente, que os aliados de Bolsonaro já pediram para Lula enfrentar, ou aceitar pedidos por tempo indeterminado. O presidente do Senado pode fazer o mesmo com os juízes do Supremo Tribunal Federal, alguns dos quais Bolsonaro e seus apoiadores criticaram ferozmente.

Quando Lira se tornou orador, três anos atrás, ele prometeu permanecer neutro em meio ao aprofundamento da animosidade política. No entanto, mais tarde ele se tornou um fiel aliado de Bolsonaro, recusando-se a aprovar qualquer um dos cerca de 150 pedidos de impeachment contra o então presidente. Ele também endossou a campanha de reeleição de Bolsonaro em 2022.

Esse apoio veio em grande parte em troca de Bolsonaro permitir que Lira direcionasse recursos federais aos legisladores para alocar como quisessem, sem especificar valores ou destinos, disse Sérgio Praça, analista político da Fundação Getulio Vargas, uma universidade e centro de estudos. A mídia local o chamou de “orçamento secreto” por sua falta de transparência, e os críticos disseram que facilitou a corrupção sistemática.

Lula criticou o mecanismo durante a campanha eleitoral e prometeu descartá-lo. No entanto, quando Lula venceu, Lira foi o primeiro aliado proeminente de Bolsonaro a reconhecer publicamente os resultados, um gesto importante, visto que o titular vinha lançando dúvidas sobre o sistema de votação eletrônica do país há meses e nunca desistiu.

“Quando Lira tem algo a ganhar, como acesso a recursos e cargos, sua posição tende a ser pró-governo”, disse Mayra Goulart da Silva, cientista política da Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Em dezembro, a Suprema Corte decidiu que o “orçamento secreto” é inconstitucional. Lira disse em entrevista em 31 de janeiro à rede de televisão GloboNews que encerrá-la tornará mais difícil para Lula negociar com o Congresso.

Seu excelente desempenho na votação de quarta-feira foi visto por analistas consultados pela Associated Press como resultado de seu talento para conquistar aliados com favores e conduzir a Câmara dos Deputados em várias crises com mão firme.

“Ele tem uma capacidade de articulação, o que cria uma situação quase irrefutável que o Partido dos Trabalhadores (de Lula) viu que não poderia competir”, disse Creomar de Souza, analista político da Dharma Política.

Lira e o líder do Partido dos Trabalhadores na Câmara dos Deputados disseram que até o ano que vem um militante do partido vai presidir a Comissão de Constituição e Justiça, cargo muito cobiçado porque o órgão precisa aprovar qualquer proposta legislativa importante antes de poder ser aprovado, colocado em votação. . Isso inclui a reforma tributária que o ministro da Fazenda de Lula disse pretender apresentar ainda no primeiro semestre deste ano, além de aumento do salário mínimo e gestão do orçamento do governo para outras iniciativas sociais.

A perspectiva de Lula parece mais complicada no Senado, onde os deputados têm liberdade para fazer acordos individuais, ao contrário da Câmara dos Deputados, e as linhas de batalha refletem mais claramente a polarização do país, disseram analistas e senadores. Bolsonaro, que está na Flórida desde 30 de dezembro, disse em um evento em Orlando na terça-feira que ligou para os senadores pedindo que votassem em Marinho na tentativa fracassada de derrubar Pacheco.

Pacheco se apresentou como um forte defensor da democracia após o ataque de 8 de janeiro aos prédios mais importantes do governo federal por apoiadores de Bolsonaro que buscavam derrubar o escolha. Em seu discurso de vitória na quarta-feira, Pacheco disse aos senadores que “a democracia ainda está de pé” e que “a polarização tóxica deve ser erradicada”.

“Devemos abandonar a conversa de nós contra eles e estar do lado certo da história”, disse ele.

O senador Carlos Viana, membro do partido de Bolsonaro, disse que a candidatura de Marinho visava, entre outras coisas, responsabilizar juízes do Supremo Tribunal Federal por supostamente excederem sua autoridade, por exemplo, bloqueando contas de legisladores de direita nas redes sociais por serem supostamente antidemocráticas. declarações.

Marinho teria colocado o Senado “no centro das discussões sobre assuntos que acreditamos ultrapassar as atribuições do STF”, disse Viana.

Ele acrescentou que os senadores de direita não votarão automaticamente contra propostas do governo Lula que possam beneficiar o país, como uma “boa” reforma tributária.

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Hughes relatou do Rio de Janeiro.

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