Caso contrário, Bolsonaro se absteve de comentar a eleição desde sua derrota em 30 de outubro. Ele repetidamente levantou questões sobre a confiabilidade do sistema de votação eletrônica na corrida para a votação, peticionou depois para anular milhões de votos lançados com as máquinas e nunca concedeu.
Ele se estabeleceu em um subúrbio de Orlando desde que deixou o Brasil no final de dezembro e pulou a posse de seu sucessor de esquerda em 1º de janeiro, com alguns legisladores democratas instando o presidente Joe Biden a cancelar seu visto.
Após a decisão do tribunal na noite de sexta-feira, nem Bolsonaro nem nenhum de seus três filhos legisladores emitiram comentários nas redes sociais.
As autoridades brasileiras estão investigando quem permitiu que partidários radicais de Bolsonaro invadissem o Supremo Tribunal, o Congresso e o palácio presidencial na tentativa de anular os resultados das eleições de outubro. Os alvos incluem aqueles que convocaram os manifestantes à capital ou pagaram para transportá-los, e o pessoal de segurança local que pode ter se afastado para permitir que o caos se instalasse.
Grande parte das atenções até agora se concentrou em Anderson Torres, ex-ministro da Justiça de Bolsonaro, que se tornou chefe de segurança do Distrito Federal em 2 de janeiro e estava nos Estados Unidos no dia dos distúrbios.
De Moraes ordenou a prisão de Torres esta semana e abriu uma investigação sobre suas ações, chamando-as de “negligência e conluio”. Em sua decisão, tornada pública na sexta-feira, de Moraes disse que Torres demitiu seus subordinados e deixou o país antes dos distúrbios, uma indicação de que ele estava deliberadamente preparando o terreno para os distúrbios.
O tribunal também emitiu um mandado de prisão para o ex-chefe de segurança e ele deve retornar em três dias ou o Brasil solicitará sua extradição, disse o ministro da Justiça, Flávio Dino, na sexta-feira.
“Se a presença dele não for confirmada até a próxima semana, é claro que usaremos os mecanismos de cooperação jurídica internacional. Vamos acionar os trâmites na próxima semana para realizar a extradição dele”, disse Dino.
Torres negou qualquer irregularidade e disse no Twitter no dia 10 de janeiro que interromperia as férias para voltar ao Brasil e apresentar sua defesa. Três dias depois, isso ainda não aconteceu.
O ministro apontou um documento encontrado pela Polícia Federal brasileira ao revistar a casa de Torres; um projeto de decreto que teria assumido o controle da autoridade eleitoral do Brasil e potencialmente anulado a eleição. A origem e a autenticidade do documento não assinado não são claras, e não se sabe se Bolsonaro ou seus subordinados tomaram medidas para implementar a medida que teria sido inconstitucional, segundo analistas e a Academia Brasileira de Direito Eleitoral e Político.
Mas o documento “vai aparecer na investigação policial, porque revela ainda a existência de uma cadeia de responsáveis pelos atos criminosos”, disse Dino, acrescentando que Torres terá de denunciar à polícia quem o redigiu.
Ao não abrir uma investigação contra o autor do documento ou denunciar sua existência, Torres pode ser acusado de abandono do dever, disse Mario Sérgio Lima, analista político da Medley Advisors.
Torres disse no Twitter que o documento provavelmente foi encontrado em uma pilha junto com outros que deveriam ser destruídos e que vazou fora do contexto para alimentar falsas narrativas destinadas a desacreditá-lo.
Dino disse a repórteres na manhã desta sexta-feira que ainda não foi estabelecida uma ligação entre os distúrbios na capital e Bolsonaro.
O ex-governador do Distrito Federal e o ex-chefe da Polícia Militar também são alvo do inquérito do Supremo que veio a público nesta sexta-feira. Ambos foram afastados de seus cargos após o motim.
Também na sexta-feira, as contas populares de mídia social de várias figuras proeminentes de direita foram suspensas no Brasil em resposta a uma ordem judicial, que o jornalista Glenn Greenwald obteve e detalhou em uma transmissão ao vivo nas redes sociais.
A ordem, também emitida pelo juiz de Moraes, visava seis plataformas de mídia social e estabelecia um prazo de duas horas para bloquear contas ou enfrentar multas. As contas pertencem a um influenciador digital, um legislador federal recém-eleito YouTuber, um apresentador de podcast no estilo Joe Rogan e um pastor evangélico e senador eleito, entre outros.