Polícia brasileira encontra minuta de decreto na casa de ex-ministro para reverter eleição, diz fonte

Por Ricardo Brito

BRASÍLIA (Reuters) – A polícia brasileira encontrou um projeto de decreto na casa do ministro da Justiça do ex-presidente Jair Bolsonaro que parece ser uma proposta para interferir no resultado da eleição de outubro que ele perdeu, disseram duas pessoas familiarizadas com o assunto nesta quinta-feira. .

O decreto proposto, elaborado após a derrota apertada de Bolsonaro para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, estabeleceria um “estado de defesa” de emergência para a autoridade eleitoral nacional, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), abrindo as portas para a alteração do resultado. fontes disseram. dizendo.

O documento foi encontrado na terça-feira, quando a polícia fez uma busca na casa de Anderson Torres, que se tornou chefe da segurança de Brasília depois que Lula assumiu o cargo em 1º de janeiro, disseram as pessoas.

Um juiz do Supremo Tribunal ordenou a prisão de Torres em conexão com falhas de segurança que permitiram que apoiadores de Bolsonaro invadissem prédios do governo no domingo para tentar provocar um golpe militar que derrubaria Lula.

A descoberta do documento foi noticiada pela primeira vez pelo jornal brasileiro Folha de S. Paulo.

Torres, que trocou o Brasil pela Flórida depois de se tornar chefe de segurança de Brasília, disse nas redes sociais que o documento denunciado provavelmente estava entre outros em uma pilha sendo descartado e “vazado” em sua ausência para criar uma “narrativa falsa”.

“Respeito a democracia brasileira. Minha consciência está tranquila quanto às minhas ações como ministro”, escreveu Torres.

Analistas disseram que as medidas propostas no documento equivaleriam a uma conspiração inconstitucional para se intrometer nas eleições.

Um advogado do ex-ministro da Justiça, Demóstenes Torres, disse à Reuters que não tinha conhecimento do documento, mas afirmou ser “impossível” mudar o resultado da eleição.

O advogado disse que seu cliente voltará a Brasília na sexta-feira para preparar sua defesa contra o mandado de prisão relacionado à insurreição de domingo na capital.

O documento estava pronto para a assinatura presidencial, disse a fonte à Reuters, pedindo anonimato para discutir uma investigação em andamento.

Bolsonaro, que também voou para a Flórida 48 horas antes do fim de seu mandato, ainda não admitiu a derrota para Lula.

Ele postou brevemente um vídeo esta semana nas redes sociais sugerindo que Lula havia, de fato, perdido a eleição. No período que antecedeu a eleição, Bolsonaro insistiu que o sistema de votação eletrônica do Brasil era vulnerável a fraudes, embora nunca tenha fornecido evidências para apoiar suas afirmações.

(Reportagem de Ricardo Brito; Roteiro de Anthony Boadle; Edição de Brad Haynes e Alistair Bell)

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