Lula da Silva voltou à presidência brasileira em uma onda de otimismo cauteloso sobre a proteção do meio ambiente. Desde que retomou o cargo em 1º de janeirofortaleceu o Cadastro Ambiental Rural (um banco de dados de propriedades rurais, abreviado como CAR) e restabeleceu o Fundo Amazônia (uma fonte de financiamento de US$ 1,2 bilhão para projetos ambientais).
Mas a ação mais importante que poderia tomar seria fazer cumprir o Código Florestal do Brasil. Essa lei única, que exige que proprietários privados em áreas ecologicamente sensíveis mantenham partes dessas terras não urbanizadas, é a melhor chance do Brasil de combater o desmatamento. Também pode ser o mais controverso.
Algumas versões do Código Florestal existe desde 1934, quando os proprietários privados se limitavam a desmatar apenas 75% de suas terras. Desde então, a porcentagem de terra necessária para ser mantida como floresta mudou de 25% para 50% e depois para 80% para proprietários na região da selva amazônica. Essa exigência de reserva legal é menor nos demais biomas do Brasil, por exemplo, em 20% no Pantanal e 35% no Cerrado.
Também existem brechas pelas quais os proprietários podem reduzir o limite. Como o estado do Pará atende a outras condições de conservação, o requisito usual de 80% é efetivamente 50% para fazendas.
Em geral, no entanto, a lei cobre uma grande faixa de território: quase um terço da vegetação nativa do Brasil. Os interesses empresariais e políticos há muito desejam saquear mais dessas áreas protegidas, tentando apresentar a lei como uma barreira à modernização do Brasil. Vários movimentos sociais e grupos indígenas, importantes protetores da floresta tropical, têm resistido a essas tentativas.
Em meio a essa tensão, o Código Florestal foi polêmica revisada em 2012. A nova versão perdoou o desmatamento ilegal antes de 2008, apenas quatro anos antes, e ampliou a quantidade de terras privadas que poderiam ser desmatadas.
Políticos pró-agronegócios têm feito novas tentativas de erodir a exigência de reserva legal. Em 2019, um grupo de senadores tentou se livrar dele completamente, mas protestos da sociedade civil e de cientistas frustraram esse plano. No entanto, alguns políticos continuam tentando, por exemplo, propondo redesenhar as fronteiras da região amazônica portanto, a exigência não se aplica mais a todos os estados do Amazonas.
Não é de surpreender que muitos proprietários de terras amazônicos tenham resistido à exigência de manter a maior parte de suas terras como estão, sem convertê-las em agricultura. Está provado que é especialmente difícil para que os pequenos proprietários possam digerirApesar de desmatamento na Amazônia brasileira é geralmente devido a grandes proprietários.
Também no Cerrado, o tamanho da propriedade afeta a forma como os proprietários veem a exigência de reserva legal. Um estudo sobre o estado de Mato Grosso do Sul constatou que 51% das fazendas com mais de 1.000 hectares -a maioria- seguiam a lei de reserva legal. Apenas 33% das propriedades menores o fizeram.
No geral, claramente, a conformidade é ruim. E, de fato, a aplicação do Código Florestal Brasileiro, assim como outras leis conservacionistas, tem sido fraco. Em geral, os proprietários de terras foram deixados para se policiar, em meio a recursos limitados para monitoramento, especialmente durante a presidência pró-desmatamento de Bolsonaro. Alguns agricultores dizem que estão Eu nem estou ciente da exigência..
A aplicação sempre seria um desafio. Uma das principais barreiras tem sido a falta de informação sobre quem possui o quê e, portanto, onde reside a responsabilidade. Por isso é tão importante fortalecer o banco de dados de imóveis do CAR. Em 2010, o governo brasileiro exigiu que todas as propriedades rurais fossem mapeadas no CARmas o trabalho não está completo. Comunidades tradicionais e pequenos proprietários especialmente você pode precisar de ajuda com o registro.
Também tem sido importante se proteger contra grileiros que usam o CAR para legitimar suas apropriações ilegais de terras. Um estudo do sul do estado do Amazonas constatou que 21% das terras em unidades de conservação foram falsamente declaradas privadas entre 2014 e 2020.
Uma maneira de garantir que o Código Florestal valha o papel em que está escrito é essencialmente pagar aos agricultores para obedecer à lei. Lula tem propôs conceder crédito barato para incentivar os agricultores a usar práticas mais sustentáveis.
Luiza Bruscato, gerente ejecutiva de la Mesa Redonda Brasileña sobre Ganadería Sostenible (GTPS), dice que cumplir con el Código Forestal es un gran desafío para los propietarios porque tienen que pagar por el mantenimiento, proteger la tierra de incendios y protegerse contra posibles invasores de a terra. Mas há uma oportunidade ambiental e econômica combinada se os proprietários de terras puderem ser pagos pelos serviços ambientais que fornecem.
A mecânica precisa ser trabalhada. O resultado é que o O Código Florestal é uma norma ambiental de classe mundial. Certificar-se de que é realmente respeitado é a parte mais difícil. Como diz Thelma Krug, ex-pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais do Brasil, “o Brasil tem todas as ferramentas para realmente preservar, é provavelmente um dos países exemplares nesse aspecto”.
Fechar essa lacuna de conformidade é fundamental para o futuro do planeta.
Este relatório foi possível com o apoio da Fundação das Nações Unidas.