Gabriela de Matos e Paulo Tavares serão os curadores do Pavilhão do Brasil na Bienal de Arquitetura de Veneza 2023
A Fundação Bienal de São Paulo anuncia a curadoria do Pavilhão do Brasil na 18ª Arquitetura Exibição – A Bienal de Veneza. Gabriela Matos Y paulo tavaresarquitetos e pesquisadores com uma abordagem transversal que abrange raça, gênero, pedagogia e culturas visuais, organizam a exposição, que inaugura em 20 de maio de 2023.
A representação brasileira, com projeto intitulado Terra, dialogará com o tema desta edição da Bienal de Veneza, O laboratório do futuroproposta pelo arquiteto, estudioso e romancista ganense-escocês Lesley Lococurador da 18ª Exposição Internacional Arquitetura Exibição.
Gabriela de Matos e paulo tavares Respondeu à provocação propondo uma exposição que parte da terra como motivo fundador das concepções, imaginários e narrativas da formação nacional.
As representações da nacionalidade foram estruturadas por visões idealizadas e racializadas da natureza tropical… A terra também é motivo fundador nas cosmologias, filosofias e narrativas das populações indígenas e afro-brasileiras que compõem a maior parte da matriz cultural nacional. Mas, nessa abordagem, o conceito de terra aparece de outra forma, como um ancestral que nos remete a geografias culturais mais profundas e além do Brasil. Aponta para outros sentidos de terra e território – como pertencimento, cultivo, direito, reparação e outros imaginários do Brasil… Nossa proposta curatorial se baseia nessas reflexões e em sua relevância contemporânea para pensar o país como terra. Terra como em terra, solo, queima, território e quintal. Mas também a terra em seu sentido global e cósmico, como planeta e lar comum de toda a vida, humana e não humana. — Gabriela Matos e Paulo Tavares
Para José Olympio da Veiga Pereira, presidente da Fundação Bienal de São Paulo, “o Arquitetura A exposição Biennale di Venezia é um lugar privilegiado para discutir as questões mais urgentes da arquitetura e do urbanismo, campos que, em última instância, refletem a nossa dinâmica de vida baseada no uso e partilha de espaços comuns, enquanto sociedade. Numa época de desafios para a humanidade, celebração da exposição proposta por jovens arquitectos Gabriela Matos Y paulo tavares é uma forma de dar visibilidade a pesquisas e práticas que podem contribuir para a elaboração coletiva do nosso futuro.”
Gabriela Matos é um arquiteto e urbanista afro-brasileiro. Nascida no Vale do Rio Doce, em Minas Gerais, ela cria projetos multidisciplinares para promover e destacar a cultura arquitetônica e urbana brasileira sob a perspectiva de raça e gênero. Formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUC-MG em 2010 e em 2016 especializou-se em sustentabilidade e gestão do ambiente construído na UFMG. Mestranda do Diversitas – Centro de Estudos das Diversidades, Intolerâncias e Conflitos da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas (FFLCH) da USP, atualmente leciona nos cursos de graduação em arquitetura e urbanismo da Escola da Cidade. É diretora geral do Estúdio de Arquitetura – Gabriela Matos, criado em 2014, e vice-presidente do Instituto dos Arquitetos do Brasil no departamento de São Paulo. Ela é a idealizadora do projeto. Arquitetos Negros, que mapeia a produção de arquitetas negras no Brasil. Ela investiga a arquitetura produzida na África e sua diáspora com foco no Brasil e propõe ações que promovam o debate sobre gênero e raça na arquitetura, dando visibilidade ao tema. Ela assina a editora do livro. Arquites Negros vol.1que integra importantes acervos como o da Library of Washington (Estados Unidos) e ganhou o Prêmio IAB-SP de Melhor Arquitetura Categoria de postagem. Foi colaboradora do coletivo Rebel Architette em 2019 (Itália). Participou como orador na UIA 2021 – International Union of Architects. Ainda em 2021, na sala CASACOR, assinou o espaço atrás. Além de ter sido premiada como Arquiteta do Ano 2020 pelo IAB-RJ, foi jurada do Concurso Ibero-Americano 2022 Arquitetura Bienal.
paulo tavares explora as interfaces entre arquitetura, culturas visuais, curadoria, teoria e advocacia. Através do uso de múltiplas mídias e métodos, seu trabalho abre um campo de colaboração focado na justiça ambiental e nas narrativas contra-hegemônicas na arquitetura. Os seus projetos e textos têm sido apresentados em diversas exposições e publicações nacionais e internacionais, incluindo Revista de design de Harvard, A revisão arquitetônicaOslo Arquitetura Trienal, Bienal de Design de Istambul e 32ª Bienal de São Paulo – Vivendo a incerteza. Tavares foi co-curador do Chicago 2019 Arquitetura Bienal (EUA) e atualmente é curador da segunda edição de Sharjah 2023 Arquitetura Trienal (EAU). Foi curador dos projetos Acts of Repair (Preston Thomas Memorial Symposium, Cornell University (EUA), e Emergência Climática > Emergênciano Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) em Lisboa (Portugal). Tavares é autor de diversos textos e livros que questionam os legados coloniais da modernidade, entre eles Direito Florestal / Selva Legal (2014), Des Habitat (2019), memória da terra (2019), Lúcio Costa era racista? (2020), e direitos não humanos (2022).
Fonte: Fundação Bienal.