Ação no Brasil quer obrigar igreja a cobrir pensão e seguro de ex-padre

SÃO PAULO — Um brasileiro que foi forçado a se secularizar pela Igreja há dois anos, o que o levou a ser expulso do sacerdócio, agora está recorrendo ao Supremo Tribunal secular do maior país católico do mundo, pedindo indenização contra a igreja que o reivindica injustamente o puniu. .

Embora a secularização seja um assunto interno da Igreja e, portanto, normalmente considerado fora do alcance dos tribunais seculares, um advogado do ex-padre argumenta que, como o Vaticano tem acordos de tratados com o Brasil, está vinculado às garantias brasileiras de devido processo e direito. para a defesa

A ação não visa forçar a igreja a reintegrar Alcimir Pillotto ao sacerdócio, mas sim forçar a igreja a reintegrar sua pensão e cobrir seus custos de seguro. O caso já foi arquivado nas instâncias inferiores, mas os advogados agora prometem levá-lo ao Supremo Tribunal Federal.

Pillotto, que estava à frente de uma paróquia na cidade de Blumenau, em Santa Catarina, foi expulso do estado clerical em 2020.

Embora os comunitários digam que nunca foram informados oficialmente pela Diocese de Blumenau sobre os motivos da demissão de Pillotto, o advogado Telêmaco Marrace, que representa Pillotto, disse que o ex-padre era acusado de manter um caso com a secretária paroquial, que morava e trabalhava com ele por vários anos.

“Eu visitei a reitoria quando eles moravam lá, e o que vi foi que cada um tinha seu quarto. Acredito em sua integridade”, disse Marrace. Crux.

O advogado disse que Pillotto também foi acusado de violação de sigilo confessional, embora não tenham sido fornecidos detalhes sobre as circunstâncias da suposta violação.

Pillotto conta com o apoio de um grupo de membros da paróquia desde o início da polêmica. Eles foram os encarregados de contratar os advogados que têm assistido o ex-padre, incluindo Marrace.

Ele explicou que os partidários de Pillotto primeiro tentaram apresentar seu caso à igreja, mas sem sucesso.

“Um padre canonista preparou uma grande defesa, mas no meio do processo chegou uma carta do Vaticano demitindo o padre Pillotto. Não houve oportunidade de defesa”, argumentou Marrace.

Até a saída de Pillotto da paróquia gerou polêmica. Disseram-lhe para partir em uma semana e, quando chegou a hora marcada, o substituto de Pillotto apareceu com um grupo de leigos que não se importavam com Pillotto. Por sua vez, o secretário de Pillotto alertou seus seguidores, que também se aglomeraram na paróquia.

No final, a polícia teve que ser chamada para manter a paz.

“Quando cheguei lá, encontrei um velho [he is 71 now]que sofre de câncer e perde seus benefícios de trabalho, incluindo seu plano de saúde e seu salário”, disse Marrace.

Rosangela Floriano era uma das amigas de Pillotto que naquele dia foi à reitoria.

“Fomos lá com cinco advogados e vários líderes comunitários. Acabamos conseguindo uma ordem judicial permitindo que o padre ficasse lá por um tempo”, disse ele. Crux.

O grupo também denunciou a situação à imprensa local e tentou falar com o bispo Rafael Biernaski, segundo Floriano.

“Ele apenas nos evitou”, disse ele.

Alguns dias depois, Pillotto decidiu partir. Apoiadores pagaram pelo transporte de seus pertences e deram-lhe dinheiro para comida e remédios. Depois de algum tempo em tratamento para leucemia, ele foi para a cidade de Erechim, no Rio Grande do Sul, onde hoje mora com parentes.

“Temos um grupo nas redes sociais e conversamos com ele de vez em quando. Sua saúde piorou desde tudo o que aconteceu. Ele está muito triste por não ser mais padre”, acrescentou Floriano.

No processo, Marrace argumentou que Pillotto não teve a oportunidade de se defender adequadamente, já que a carta do Vaticano chegou antes da conclusão do processo legal.

“Claro, é um processo interno da Igreja. Mas a Igreja tem acordos com o Brasil e tem que respeitar as leis do país, dando possibilidades de defesa adequadas a todos os réus em processos canônicos”, afirmou.

Um membro do clero que acompanhou o caso eclesiástico de Pillotto disse Crux que ele estava doente quando chegou a hora de apresentar seus argumentos. Ele disse que um apelo foi enviado ao Vaticano, mas ninguém sabe se foi sequer considerado.

“Hoje, se um bispo quiser destituir um padre, pode fazê-lo. A ação penal administrativa só funciona como forma de atribuir algum aspecto de legalidade ao processo”, afirmou o clérigo, que preferiu o anonimato. Crux.

Marrace disse que seu objetivo agora é recuperar o salário e o seguro médico de Pillotto.

“Ele entende que não é mais sacerdote, pois não se pode opor a uma decisão pontifícia. Ele não tem mais condições de saúde para exercer a função de padre”, lamentou Marrace.

Desde o início do processo, a Igreja voltou a pagar o plano de saúde de Pillotto, disse o advogado.

“Mas não há garantias de que a Igreja continuará pagando se perder o caso. É isso que temos procurado garantir”, explicou.

Tanto um tribunal de primeira instância quanto um tribunal estadual rejeitaram os argumentos de Pillotto, sustentando que a igreja tem seus próprios critérios para lidar com seus assuntos internos.

“Estou levando o caso ao STF, pois trata-se de matéria constitucional. Na minha opinião, a igreja deu as costas a Pillotto”, afirmou Marrace.

Para Floriano, o sucesso de Pillotto em reunir os paroquianos após vários conflitos no passado provavelmente atraiu a “inveja” de seus colegas.

“Pelo menos 100 famílias deixaram a paróquia junto com Pillotto. Muitas pessoas até abandonaram o catolicismo. Aquele caso teve um grande impacto espiritual para muitos de nós”, disse Floriano, que já foi catequista e coordenadora litúrgica, mas se distanciou da paróquia após a laicização do padre.

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