Os participantes do debate sobre o projeto de combate às notícias falsas apresentaram posições divergentes sobre o texto enviado pelo Senado à Câmara dos Deputados (PL 2630/20). Na segunda-feira (20), parlamentares e convidados discutiram se a publicidade e a promoção mudam a responsabilidade das plataformas; e como é possível regular o setor sem causar danos econômicos e prejudicar a privacidade dos dados.
Este foi o quarto debate em um ciclo que discutirá os tópicos abordados na proposta, antes que o texto seja votado na Câmara.
Jonas Valente, professor do Laboratório de Políticas de Comunicação da Universidade de Brasília, disse que o texto do Senado está correto quando traça um caminho de transparência.
Ele pediu aos deputados que guardassem os artigos 14 a 17 da proposta, que estabelecem, por exemplo:
- Que os provedores de redes sociais identifiquem todo o conteúdo promovido e publicitário, o que permite ao usuário acessar as informações da conta responsável pelo impulso;
- Que os provedores que fornecem um incentivo à publicidade eleitoral disponibilizam ao público dados como o valor total gasto pelo candidato ou pelo partido e a identificação do anunciante;
- Que fornecem mecanismos para fornecer aos usuários informações históricas sobre o conteúdo direcionado e a publicidade com a qual a conta teve contato nos últimos 6 (seis) meses; e
- Os fornecedores solicitam que anunciantes e contas promovam conteúdo que confirme sua identificação, inclusive apresentando um ID válido.
Transparência
Para Valente, as empresas têm caminhado na direção oposta da transparência, com relação à publicidade. “Ele deve identificar publicidade e direção e deve ser identificado com destaque”.
Segundo ele, o Google é um exemplo disso, tanto quanto é um mecanismo de busca. “É um debate que a Câmara analisará, já que o Google reduz a diferença entre o que é um anúncio e o que é um resultado de pesquisa orgânica. Mesmo no Facebook, os anúncios são muito menos proeminentes do que deveriam ser, é dizer é uma prática de plataforma “.
A gerente de políticas públicas do Facebook para Facebook no Brasil, Mônica Rosina, defendeu a empresa e citou ações de mídia social que buscam fornecer mais transparência ao conteúdo de publicidade, como a ferramenta que permite aos usuários editar suas preferências de anúncio. e entenda por que um determinado anúncio o atingiu.
Rosina ficou particularmente preocupada com o artigo que trata do armazenamento da história do conteúdo direcionado e da publicidade por seis meses (artigo 16). Segundo ela, o dispositivo comprometeria a privacidade dos usuários das plataformas e o mais adequado seria limitar o requisito apenas a anúncios e promoções eleitorais.
O gerente do Facebook também criticou o artigo no projeto de lei do Senado solicitando a identificação de anunciantes (artigo 17), o que, na sua opinião, poderia tornar o processo menos ágil.
“Estamos muito preocupados com o artigo 17, que exige um ID válido para todo e qualquer anunciante. Ele tem o potencial de ter um impacto econômico negativo muito negativo em milhões de pequenas empresas, porque tornará o processo mais lento e mais burocrático, sem a agilidade que dá valor à internet hoje “.
Marcelo Bechara, advogado especializado em Internet, também defendeu a transparência. “Não há nada errado em ganhar dinheiro com publicidade, desde que seja transparente”.
Para ele, a publicidade nas redes sociais deve respeitar as leis brasileiras, o que impediria, por exemplo, crianças influentes de fazer vídeos e fotos anunciando produtos de beleza.
Responsabilidade social
Bechara também defendeu que a responsabilidade da rede social começa a partir do momento em que é paga para promover a informação.
“A partir do momento em que paguei por uma plataforma para conduzir minha demonstração gratuita, ela se tornou parceira. O artigo 19 do Marco Civil não é aplicável [da Internet], que afirma que a plataforma é responsável apenas pelo conteúdo gerado por terceiros após uma ordem judicial. Nesse caso, não, recebeu recursos financeiros para expandir seu escopo e objetivo “.
Eficácia e responsabilidade
João Camilo, representante da Associação Brasileira de Rádio e Televisão no debate, criticou o que chamou de “desidratação do projeto”. Ele teme que a proposta seja reduzida ao início do campo ético e acabe perdendo sua eficácia.
Camilo também defendeu a responsabilidade das plataformas. Mas Mônica Rosina disse que o Facebook, com dois bilhões e 700 milhões de usuários, não tem como ser responsável por seus posts.
O professor associado Israel Batista (PV-DF) enfatizou que os parlamentares tentarão elaborar um texto que não seja muito repressivo, para não criar vínculos com o desenvolvimento tecnológico do país, mas ao mesmo tempo combater informações falsas e melhorar o ambiente de trabalho. participação. política.