Se você pudesse entrar na Estação Espacial Internacional, o que faria primeiro? Talvez tirar uma foto e postar nas mídias sociais? Pode até fazê-lo, mas a internet disponível para astronautas “residentes” nas instalações é muito lenta.
Como algo tão “básico” funciona tão mal no que provavelmente é um dos maiores feitos tecnológicos da humanidade? A resposta para isso envolve principalmente a distância que os dados percorrem.
Desde 2010, a Estação Espacial Internacional possui um sistema de conexão que permite acesso pessoal à Internet. O objetivo era melhorar a qualidade de vida daqueles que estão confinados à estrutura, que tem 408 km de altura e orbita a Terra a uma velocidade de aproximadamente 27.000 km / h.
Para isso, a estação utiliza as mesmas conexões de comunicação usadas para telemetria que “canal”, ou seja, troca de dados e contato com a tripulação.
Quando você clica em um link, por exemplo, o comando é enviado a uma rede de satélites que orbitam a Terra a mais de 35.000 km acima do nível do mar, próximo aos chamados satélites geoestacionários (em baixa órbita da Terra).
Esses satélites se conectam a receptores terrestres, a chamada Deep Space Network, com instalações na Califórnia (EUA), Espanha e Austrália, que, por sua vez, se comunicam com o Johnson Space Center, uma instalação da NASA em Houston (EUA). Lá, um computador interage entre a “rede” composta pela estação espacial da NASA, satélites, receptores e instalações e a própria Internet.
Qual é a velocidade da conexão?
O link de conexão entre a Estação Espacial Internacional e a Deep Space Network é extremamente rápido: 600 Mbps, para download e upload.
Problemas com o acesso pessoal à Internet são a distância que o sinal percorre de e para a estação até a superfície e a necessidade, na Terra, de usar um computador como uma interface para acessar o conteúdo da Internet. O resultado é uma alta latência (também conhecida como ping): entre 500 ms e 700 ms, um valor muito mais alto do que os aproximadamente 10 ms obtidos em uma conexão “terrestre” de banda larga.
De acordo com um relatório de Clayton Anderson, um astronauta que já “hospedou” uma estação espacial, o sentimento é usar uma conexão discada à Internet.
Os astronautas podem acessar alguma coisa?
Não. Embora não haja informações claras sobre quais são essas limitações, um porta-voz da NASA deixou claro, em uma entrevista de 2015 ao The Atlantic, que é “uma rede”.
Com quais dispositivos a Internet é acessada?
Além dos laptops, os astronautas podem usar tablets para navegar e até fazer videoconferências com familiares e amigos.
Existe interferência de outros sinais?
Não, uma vez que a estação se comunica com as instalações da NASA através de um link dedicado. Como as antenas receptoras da Deep Space Network estão localizadas para manter contato constante com os satélites que se comunicam com a estação, a conexão é contínua.
Fontes:
Vanderlei Cunha Parro, professor de engenharia elétrica no Instituto de Tecnologia Mauá
Cássio Barbosa, professor do Departamento de Física da FEI.
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