O presidente eleito do Brasil diz que o país está de volta ao jogo da proteção ambiental. Ele fez o anúncio na conferência climática da ONU deste ano que espera atingir a Amazônia em 2025.
AILSA CHANG, ANFITRIÃO:
O Brasil está de volta, ou seja, de volta ao jogo da proteção ambiental. Essa foi a mensagem do presidente eleito do Brasil hoje na Conferência do Clima da ONU no Egito. Luiz Inácio Lula da Silva falou sobre seus planos para proteger a floresta amazônica após anos de desmatamento sem precedentes. E ainda disse que quer trazer uma futura conferência do clima para a Amazônia. Mas o recém-eleito líder esquerdista enfrenta muitos desafios à sua promessa de tolerância zero. E para falar mais sobre isso, contamos agora com a correspondente da NPR South America Carrie Kahn, que está no Rio de Janeiro. Olá Carrie.
CARRIE KAHN, BYLINE: Olá.
CHANG: Olá. Pronto, Lula da Silva acabou de ganhar a eleição, como se ainda não tivesse tomado posse. Por que ele foi à conferência sobre mudanças climáticas no lugar do atual presidente do Brasil, Jair Bolsonaro?
KAHN: O presidente, Jair Bolsonaro, é um político de extrema direita que questiona a mudança climática e tem sido bastante hostil a abordagens multilaterais a ela. O desmatamento sob sua administração na Amazônia também atingiu níveis recordes. Lula foi recebido lá como um astro do rock hoje na conferência. Ele jogou direto nisso também.
(SOUNDBITE DE GRAVAÇÃO ARQUIVADA)
LUIZ INACIO LULA DA SILVA: (Falando em português).
(Aplausos)
KAHN: Você disse, recebendo muitos aplausos, “o Brasil está de volta”, de volta a ser um líder em proteção ambiental. E passou a listar várias maneiras pelas quais o Brasil enfrentará as mudanças climáticas e que a preservação da Amazônia será uma das principais prioridades de seu novo governo. A maior parte da floresta amazônica está localizada em território brasileiro. Lula acabou de ganhar uma eleição muito controversa contra Bolsonaro aqui. Bolsonaro está no poder há quatro anos e desmantelou muitas medidas de controle e proteção na Amazônia. A extração ilegal de madeira, a pesca ilegal e a agricultura ilegal atingiram o máximo em 15 anos aqui, e Lula prometeu reverter isso. E ele prometeu nesse discurso, e fez nessa campanha, desmatamento zero até 2030.
CHANG: Desmatamento zero, essa é uma linha muito clara. Quero dizer, que outras promessas ele fez hoje?
KAHN: Você falou sobre a criação de um ministério para os povos nativos para que os povos indígenas se autogovernem. Ele falou sobre agricultura sustentável e novas tecnologias para continuar dando trabalho aos amazônicos. Mas lembre-se, Lula é de esquerda. Ele tem 77 anos. Ele emergiu politicamente por meio de seu Partido Unionista dos Trabalhadores e fala muito sobre os pobres e a desigualdade. E aqui um pouco de quando ele falou sobre a volta do Brasil ao cenário internacional.
(SOUNDBITE DE GRAVAÇÃO ARQUIVADA)
LULA DA SILVA: (Falando em português).
KAHN: Diz: “Estamos de volta para ajudar a construir uma ordem mundial pacífica para acabar com a pobreza e a desigualdade. Não haverá futuro enquanto continuarmos”, diz ele, “cavando um poço sem fundo de desigualdade entre ricos e pobres. ” “Embora receba muitos aplausos na conferência da ONU por tal discurso, ele teve problemas em casa para enfatizar seu apoio aos pobres.
CHANG: Sim. Como você está no Brasil? Você acha que ele vai conseguir cumprir todas essas promessas que está fazendo?
KAHN: Então, na semana passada, você falou sobre querer aumentar o teto de gastos federais para continuar com as transferências de renda para os mais pobres no Brasil, e os mercados apenas lhe deram um tapa na cara. O real, a moeda do Brasil, caiu quase 4% naquele dia. Lula pode ter uma lua de mel muito curta aqui quando tomar posse em 1º de janeiro. Este país está dividido. Bolsonaro perdeu por uma margem muito estreita e seu partido agora é o maior do Congresso. Ele teve muitos ganhos nas eleições, e a economia do Brasil está lenta e ainda lutando após a pandemia e com inflação alta.
CHANG: Essa é Carrie Kahn da NPR no Rio de Janeiro. Obrigado, Carrie.
KAHN: De nada.
(SINCRONIZAÇÃO DO SOM DA MÚSICA)
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