A investigação do Facebook que derrubou as redes bolsonaristas ligadas a pessoas próximas à família Bolsonaro teve muito trabalho como detetive e perseguidor (“perseguidor”). O processo foi investigado em duas etapas: primeiro pela própria rede social e depois por uma empresa independente.
Os detalhes íntimos das etapas de investigação são confidenciais pelo Facebook, que não deseja revelar sua “mina de ouro” para as próximas operações do sujeito. Mas Inclinação Encontrei algumas peculiaridades do trabalho realizado pela plataforma e por um laboratório forense digital norte-americano.
O trabalho começou há alguns meses e foi realizado internacionalmente: a sede do Facebook no Brasil só soube do resultado da ação alguns dias antes do lançamento. Entenda a cadeia de eventos de pesquisa abaixo:
Informações do congresso e da imprensa
A investigação das redes de Bolsonar começou em março deste ano. Ao divulgar a derrubada, o Facebook disse que usava informações do Congresso Nacional e também reportagens da imprensa, o que levou às páginas em questão.
As “informações do Congresso” citadas estão ligadas às audiências do CPMI no Fake News, que ocorrem no parlamento brasileiro. Foi lá que a rede social aprendeu mais sobre as páginas e quem as publicou.
Dados de STF, que desencadeou operações contra notícias falsas, teria sido usado, de acordo com o relatório ouvido por uma fonte ligada ao caso. Relatórios da imprensa, como um do UOL que envolveu assessor de Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), também serviu de base.
A empresa possui aprendizado de máquina e inteligência artificial para detectar desvios na comunidade. Em alguns casos, como a queda de páginas vinculadas a Bolsonaro, o Facebook usa informações externas para ajudar na investigação.
Equipe global de pesquisadores
As informações das testemunhas no Congresso e as reportagens da imprensa foram repassadas a uma equipe global de pesquisadores no próprio site. Eles são um tipo de “detetives” que tentam reduzir o “conteúdo não autêntico” da plataforma, além de eliminar contas falsas.
Esse grupo trabalha sob as ordens de Nathaniel Gleicher, chefe de segurança cibernética do Facebook desde 2018. Nos últimos tempos, a rede social começou a publicar um saldo mensal de contas e páginas excluídas. O saldo de julho foi o que mais fez barulho devido aos laços políticos no Brasil e nos Estados Unidos, razão pela qual foi anunciado em paralelo com a derrubada.
No total, o Facebook possui 35.000 funcionários em todo o mundo que trabalham para garantir a integridade da plataforma. Não há pesquisadores no Brasil, segundo a empresa.
Informações de pesquisa
Os funcionários do Facebook examinaram as páginas investigadas na CPMI para reunir elementos de violações das regras. Eles têm acesso ao conteúdo no “back-end” da plataforma, ou seja, conteúdo que não é visto pelo público em geral e está por trás de qualquer serviço.
Parte das evidências coletadas pela empresa é a infraestrutura da página ou conta em questão. Para isso, procuram detalhes como o endereço IP que controla a página, a conta de email que a controla e o dispositivo acessado, entre outros.
A rede social diz que não olha para o conteúdo, ou seja, o discurso ou possíveis notícias falsas publicadas nas páginas sob investigação, e se concentra apenas no comportamento enganoso que tenta manipular seguidores e a rede social.
Para isso, eles procuram “pessoas falsas”, ou seja, pessoas fictícias criadas por pessoas reais para gerenciar as páginas e publicar conteúdo. Eles gostam muito desses perfis e compartilham postagens para expandir artificialmente sua distribuição, enganando o público sobre quem os criou.
Ajuda externa cobre buracos
A partir do momento em que o Facebook conclui a investigação e a empresa acredita que possui elementos suficientes para descartar páginas ou contas, os dados são repassados para análise independente por empresas externas.
No caso da rede Bolsonarista, o responsável era o laboratório digital forense do Atlantic Council, uma empresa sem fins lucrativos em Washington (EUA) focada em política externa e com várias ramificações, incluindo este laboratório que age contra a desinformação. A organização trabalha com base em doações, e parte delas vem do Facebook.
Esta análise externa ajuda a cobrir alguns “buracos”. O Facebook pode apenas olhar para itens que estão dentro da plataforma, enquanto o Conselho Atlântico tem mais liberdade para procurar links externos para páginas na Internet. Os pesquisadores de laboratório, por outro lado, não obtêm os detalhes do Facebook – apenas o nome das páginas.
“Não tenho acesso ao que o Facebook tem para demonstrar, não sei o que eles viram por trás da rede. Sei o que as páginas mostram e, a partir daí, tento ver se posso confirmar as conclusões do Facebook ou não. Uma rede, conexões de página, quem se registrou etc. “, explica ele ao Inclinação Luiza Bandeira, pesquisadora brasileira do Conselho Atlântico.
Técnicas e trabalho “formiga”
As informações do Facebook sobre a operação chegaram aos investigadores do Conselho Atlântico apenas dez dias antes de as informações nas redes sociais serem divulgadas. Naquela época, o laboratório da organização precisava “cavar” as páginas e os perfis citados para verificar se havia elementos contra ela. É um trabalho que Bandeira chama de “perseguidor”.
“Trabalho com o que está na rede social e o público para qualquer um acessar, não tenho as informações por trás da conta. Depois, continuo assediando, investigando a rede social para descobrir de quem são as coisas”, diz Bandeira.
O trabalho do Conselho Atlântico foi o que revelou nomes específicos vinculados às ações das páginas. O Facebook citou apenas membros dos escritórios dos políticos da família Bolsonaro e deputados do PSL, enquanto o Atlantic, em seu relatório, citou os funcionários envolvidos pelo nome, o que levou o clã Bolsonaro a se envolver mais, como havia pessoas próximas a eles. No meio.
Pesquisadores em atlântico use uma variedade de técnicas de análise de dados chamadas OSINT (abrir fonte inteligênciaou inteligência de código aberto na tradução literal), que é o conhecimento produzido por meio de dados e informações acessíveis a qualquer pessoa nas páginas da Internet.
Os exemplos utilizados na investigação que chegaram aos nomes dos bolonaristas são:
- Análise do código fonte: Foi através da análise do código fonte que surgiu um dos nomes mais relevantes na operação, o de Tercio Arnaud, um dos principais assessores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido). Ao analisar o código fonte da página publicada no Instagram “Bolsonaro News”, é exposto o endereço de e-mail de Tércio como criador da conta, por se tratar de uma página classificada como comercial.
- Domínios do site: páginas soltas chamadas “The Brazilian Post” exibiam o logotipo do site com o mesmo nome e alegavam representar o site com o mesmo nome, conhecido por divulgar conteúdo bolsonar. Ao entrar neste site, fora do Facebook, o Conselho Atlântico descobriu que seu domínio havia sido registrado por Paulo “Chuchu” Eduardo Lopes, secretário do deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP).
- Comparação da conta: No caso de Jonathan Bennetti, associado ao vice-coronel do Estado Nishikawa (PSL-SP), foram anotados vários relatos diferentes com esse nome e foto. A conta pessoal real, no entanto, tinha fotos dele na Assembléia Legislativa de São Paulo.
- Análise de fotos: Ao investigar se as contas são verdadeiras ou falsas, também há uma análise das imagens dessas contas. Uma das técnicas usadas para isso é a pesquisa inversa do Google, na qual você carrega uma imagem para descobrir se existe uma similar na web. Foi com isso que as fotos que eram realmente de usuários de outros países foram notadas.
- Conexões: Ainda existem elementos considerados “mais fracos” na análise. São conexões através de curtidas em publicações ou na página, recursos compartilhados e similares. É uma confirmação mais fraca, mas você pode inserir como uma indicação de que a página está relacionada a alguém.
Observe o conteúdo
Ao contrário do Facebook, Atlantic analisa o conteúdo das páginas. Enquanto a rede social diz para analisar apenas o comportamento, pesquisadores de laboratório analisam mensagens para gerar mais elementos para a pesquisa.
“Por que assisto ao conteúdo? Porque quero saber se eles estavam usando uma rede não autêntica, se estavam coordenando ações, usando contas falsas, qual era o objetivo, que mensagem estavam enviando”, diz Bandeira.
A pesquisa da Atlantic se concentra apenas nas contas que o Facebook lhes indica como um objetivo de derrubada e, portanto, nesse caso, estava restrita à rede monetária.
A revisão independente do Conselho Atlântico é enviada ao Facebook, que toma a decisão final de deixar ou não as páginas e os grupos. Em julho, quatro redes diferentes foram eliminadas: além da brasileira, uma que operava no Canadá e no Equador com a América Latina como alvo, uma norte-americana (vinculada a um consultor de Donald Trump) e outra na Ucrânia.
O que dizem os políticos
Por ocasião da remoção das páginas, na semana passada, o senador Flávio Bolsonaro disse que “de acordo com o relatório do Facebook, é impossível avaliar que tipo de perfil foi banido e se a plataforma excedeu ou não os limites da censura. Julgamentos que não o fizeram eles permitem o contraditório e uma ampla defesa não coincide com a nossa democracia, são armas que podem destruir reputações e vidas “.
O congressista Anderson Moraes observou que seu perfil verificado não foi removido ou bloqueado, mas uma conta “real” de uma pessoa em seu escritório foi removida. Ele chamou a remoção de “absurda e autorizada”. Ele também observou que a ação é contra “liberdade de expressão e princípios democráticos”.
A representante do estado Alana Passos disse que o Facebook não a notificou sobre irregularidades ou violações das regras de suas contas, que “são verificadas e usadas para divulgar meu papel como posições parlamentares e políticas”. “Nos perfis das pessoas que trabalhavam No meu escritório, o MP disse: “Não posso responder pelo conteúdo publicado. Nenhum funcionário bloqueou a rede devido a uma suposta irregularidade. “
O PSL respondeu que os políticos mencionados “na prática já deixaram o PSL há alguns meses com a intenção de criar outro partido”. [o Aliança pelo Brasil] e que “o próprio PSL tem sido um dos principais alvos das notícias falsas oferecidas por esse grupo”. Além disso, a parte não teria removido as contas.
Procurado, o conselho do presidente Jair Bolsonaro não respondeu. Também foi feito contato com o escritório de Eduardo Bolsonaro, que não atendia ligações nem respondia e-mails. Mas em seu Twitter, ele afirmou que o Facebook “vender a liberdade dos conservadores por dinheiro”, referindo-se ao recente boicote publicitário de grandes empresas da rede social que aderiram ao movimento “Stop Hate For Profit”.