O mundo está cheio de comparações e as pessoas lidam com elas o tempo todo. Eu gosto disso ou daquilo mais? Farei uma coisa ou seria melhor fazer outra? Quase acidentalmente, começamos a organizar nossa maneira de ver o mundo. As comparações também são ferramentas poderosas para explicar conceitos complexos. Colocar duas ou mais situações próximas uma da outra facilita a compreensão de onde estão as semelhanças e onde estão as diferenças. E quanto mais incomum a comparação, mais fácil é lembrar o conceito.
Este é o caso de exclusão de contas e páginas de bolso anunciado recentemente pelo Facebook e sua comparação com o movimento coordenado de K-poppers a favor de uma causa. Facebook revelado que as contas foram removidas porque foram identificadas como pertencentes a uma rede de comportamentos não autênticos coordenados (em inglês, comportamento não autêntico coordenado – CIB). Mantenha esse termo.
Então você pode se perguntar: por que o Facebook derrubou as páginas favoráveis a Bolsonaro e não derrubou as contas envolvidas em outros movimentos coordenados? Um bom exemplo seria a performance de K-poppers que coordenou a reserva de ingressos para um comício de Donald Trump, sem intenção de comparecer, deixando o evento. relativamente vazio. Seriam dois pesos e duas medidas? A resposta não está em “coordenação”, mas em “não autêntico”.
Fãs de K-pop (e também usuários de Tik Tok) Quem coordenou o esvaziamento do comício de Donald Trump não escondeu sua identidade nessa ação. Em vez disso, eles acabaram dando seus números Telefone celular para a campanha republicana, reservando um assento no comício e depois publicamente comemorado nas redes.
O diretor de política de segurança do Facebook já disse que uma peça central na identificação de comportamentos coordenados não autênticos na plataforma é o uso de contas falsas e duplicadas que servem para aumentar a audiência de outras pessoas, enganando o público. Foi exatamente o que motivou a eliminação de contas vinculadas a políticos no Brasil (e em outros países).
Um segundo ponto também chama a atenção para essa remoção pelo Facebook. Muitas pessoas pensam que a empresa removeu páginas e contas por causa de seu conteúdo, mas a raiz da análise não está no conteúdo, mas no ato de criar feedback falso. Essa diferença entre comportamento e conteúdo também é essencial no debate PL2630, chamado PL de notícias falsas.
O ministro Luis Roberto Barroso, que atualmente preside o TSE, repetiu que a abordagem de combate notícias falsas é a identificação de comportamentos e não de conteúdo. Você sabe por que isso é importante? Como os filtros automáticos são bons em capturar comportamentos, mas cometem muitos erros ao segmentar conteúdo.
As máquinas sabem reconhecer padrões e agir sobre eles, mas falham muito ao tentar entender o contexto em que o conteúdo é inserido e avaliar sua ilegalidade. Em um mundo onde moderação em redes sociais Será cada vez mais automatizado, é uma boa idéia que esse controle seja feito mais no reconhecimento de padrões de comportamento do que no próprio conteúdo. Isso reduz o risco de automatizarmos a censura.
Se você não gostar da filtragem baseada em comportamento, poderá desativar o filtro do Gmail que identifica e exclui todos os spams da sua caixa de entrada. O risco de encontrar liberdade de expressão quando se concentra no comportamento, não no conteúdo, é muito menor.
Portanto, existem duas lições das eliminações anunciadas pelo Facebook:
- o que é (e o que não é) comportamento inautêntico coordenado (obrigado K-pop por ajudar com a explicação!);
- O bloqueio baseado em comportamento é mais eficaz (e menos perigoso para a liberdade de expressão) do que aquele que leva em conta o próprio conteúdo.
Portanto, fica mais clara a utilidade da comparação entre a coordenação dos K-poppers e a realizada por meio de contas falsas e duplicadas, que servem para aumentar artificialmente o público de um sujeito nas redes. O núcleo do conceito de comportamento inautêntico coordenado, banido em muitas mídias sociais, não está na coordenação, mas na autenticidade.
As comparações fazem o mundo girar, estão por toda parte e explicam conceitos complexos. É como a última música do BLACKPINK, um hit do K-pop: “Olhe para mim / Agora olhe para si mesmo / Olhe para mim / Agora olhe para si mesmo.” Apresentações musicais divergir, mas certamente há também um conceito em busca de explicação.