Kuma, Japão, 9 de julho de 2020 (AFP) – Nesta quinta-feira (9), os serviços de assistência e os militares tentaram acessar milhares de casas isoladas devido a inundações e deslizamentos de terra, que desde sábado passado (4) causaram a morte de dezenas de pessoas e danos materiais significativos.
Na região turística de Gifu, localizada no centro do território, autoridades disseram que deslizamentos de terra e inundações deixaram 1.000 casas isoladas, atingindo cerca de 2.300 pessoas.
Na região mais afetada, Kumamoto (sudoeste), já foram iniciados os reparos dos danos causados pelas chuvas, consideradas as mais violentas nos últimos anos.
“O número de pessoas trancadas em suas casas foi reduzido a zero. Conseguimos chegar a todos os lugares onde estavam isolados”, disse uma autoridade à AFP.
A cidade de Kuma, localizada ao sul de Kumamoto, foi palco da devastação, com trechos de estradas cobertas de água, segundo um jornalista da AFP.
Um homem estava tentando remover os escombros e móveis que cobriam a maior parte de sua casa. No chão, apenas tapetes de tatami cobertos de lama.
Essas chuvas torrenciais que assolam o Japão desde sábado, no sudoeste e no centro, fizeram os rios transbordarem, causando inundações.
– Quase 60 mortos – “As fortes chuvas devem continuar” até domingo em grandes regiões, anunciou a Agência Meteorológica do Japão (JMA), pedindo à população que “seja extremamente vigilante” contra os riscos de inundações e deslizamentos de terra.
A agência também emitiu sua segunda maior ordem de evacuação, que envolve cerca de 350.000 pessoas. No Japão, no entanto, esses “pedidos” não são obrigatórios.
O porta-voz do governo Yoshihide Suga confirmou hoje a morte de 58 pessoas, principalmente no sudoeste do arquipélago.
As autoridades também estão verificando se quatro outras mortes estão relacionadas ao fenômeno climático, enquanto 17 pessoas ainda estão desaparecidas, acrescentou Suga.
Os soldados conseguiram resgatar 40 habitantes da aldeia Ashikita na região de Kumamoto, bloqueados por cinco dias.
Kinuyo Nakamura, 68 anos, chorou quando chegou ao centro de recepção.
“O que eu temia. Minha casa está arrasada, não poderei mais morar lá”, disse ele a uma pessoa no abrigo.
“Tivemos muitas inundações no passado, mas nenhuma é comparável a isso”, disse Kinuyo em entrevista à televisão pública da NHK.
– Medo de oferecer ajuda – sua voz assumiu um tom trágico, dizendo que um vizinho morreu no dilúvio.
“Ele era realmente uma pessoa fantástica”, enfatizou. “Essa foi a coisa mais difícil de todas”, lamentou.
Cerca de 130.000 equipes de resgate e membros das Forças de Autodefesa do Japão foram despachados na quinta-feira para tentar salvar vidas, anunciou o primeiro-ministro Shinzo Abe.
A pandemia do COVID-19 complica a tarefa dos socorristas, que precisam redobrar sua atenção. Até agora, o país registrou 20.000 casos e 1.000 mortes desde o início da crise da saúde.
A necessidade de manter uma distância social segura entre as pessoas limita a capacidade de abrigos estabelecidos em caso de desastre natural, e muitas pessoas preferem ficar em seus veículos por medo de serem infectadas.
Segundo um funcionário do serviço de resgate citado na televisão pública da NHK, o coronavírus pode ter levado muitas pessoas a não ajudar as vítimas.
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