Huawei alerta Brasil que sucumbir à pressão de Trump atrasará 5G e aumentará custos 07/07/2020

Por Gabriela Mello

SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil pode sofrer anos de atraso na implementação da rede 5G, aumentando os serviços de telecomunicações para os clientes, se sucumbir à pressão dos Estados Unidos para interromper a Huawei Technologies, disse um executivo do fabricante. Chinês.

O governo Donald Trump intensificou seus esforços para limitar o papel da Huawei no desenvolvimento da próxima geração de redes de alta velocidade no Brasil, e o embaixador Todd Chapman cita a disposição dos Estados Unidos de financiar a compra de equipamentos de terceiros. fornecedores no Brasil.

Em junho, o presidente Jair Bolsonaro disse que a implementação do 5G terá que tratar de questões de soberania nacional, segurança da informação e dados, além de política externa.

A China foi criticada por Bolsonaro antes de assumir uma posição menos abrasiva em relação à segunda maior economia do mundo quando ele assumiu o cargo em 2019, embora ele permaneça um aliado próximo de Trump.

Restringir a participação da Huawei “atrasará apenas o Brasil, o que afetará os preços de infraestrutura para operadoras, provedores regionais de internet e consumidores”, disse Marcelo Motta, diretor de soluções e segurança cibernética da Huawei, em entrevista à Reuters. .

A empresa chinesa consolidou sua presença no mercado brasileiro nos últimos 22 anos, o que representa uma parte significativa dos investimentos das operadoras do país em infraestrutura de telecomunicações.

“Em lugares onde havia restrições para a Huawei, vimos aumentos de preços na infraestrutura das operadoras duas a cinco vezes, o que geralmente inviabiliza os negócios”, afirmou o executivo.

Ele observou que o Brasil já enfrenta o desafio de expandir a infraestrutura de telecomunicações e substituir o provedor exigirá que as operadoras reinvestam em equipamentos, em vez de simplesmente atualizar os existentes.

“Fazer essa mudança está jogando com um grande zangão e as operadoras precisariam de mais tempo e mais dinheiro”, disse Motta, enfatizando que as acusações dos EUA de que a tecnologia da Huawei é vulnerável à espionagem chinesa são infundadas.

O maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo conduziu com sucesso testes 5G com as principais operadoras do Brasil: Telefônica Brasil; TIM Participações; Claro, o grupo América Móvil; e Oi, e os ajudou a modernizar sua infraestrutura antes do tão esperado leilão de espectro.

Inicialmente agendado para março passado, o evento foi adiado devido a preocupações com a interferência em outros serviços. A expectativa agora é que isso aconteça no próximo ano.

“Temos uma solução preparada para usar principalmente software para trazer 5G para o Brasil (nas frequências existentes)”, disse o diretor da Huawei. “E assim que o governo introduzir as novas frequências, também poderemos usar pequenas aplicações de hardware”, acrescentou.

A Huawei, que investiu cerca de US $ 4 bilhões em 5G entre 2009 e 2019, planeja fabricar a nova tecnologia localmente em uma de suas duas unidades de produção. Atualmente, cerca de 40% dos componentes oferecidos no Brasil já são fabricados em Sorocaba (SP) e Manaus (AM).

O grupo chinês experimentou um aumento nos custos operacionais em meio à pandemia de coronavírus, principalmente devido ao aumento do transporte aéreo com menos vôos em operação, disse Motta, observando que a situação ainda não é crítica.

Ao mesmo tempo, as medidas de isolamento social desencadeadas pela pandemia aumentaram a demanda por produtos e serviços da Huawei, pois o tráfego de rede cresceu em média 50% no Brasil, atingindo até quatro vezes o pico.

“Obviamente, houve uma grande mobilização de nós e de nossos parceiros para garantir suporte ininterrupto, incluindo a expansão da rede”, explicou.

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