BRASÍLIA, 6 de outubro (Reuters) – Os dois candidatos presidenciais do Brasil, o presidente Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, propuseram mudanças no limite constitucional de gastos que definiu a política fiscal na maior economia da América Latina nos últimos seis anos.
A seguir estão algumas das diferenças em suas propostas de políticas.
QUAL É A POLÍTICA ATUAL?
O Brasil alterou sua constituição em 2016 para estabelecer um “teto” fiscal que só permite que os gastos do governo federal cresçam tanto quanto a inflação do ano anterior.
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Os mercados financeiros trataram o teto constitucional de gastos como a principal âncora fiscal do Brasil nos últimos anos, mas políticos de todo o espectro político o criticam como uma camisa de força orçamentária durante crises econômicas.
O Congresso fez isenções e modificações no teto de gastos meia dúzia de vezes durante a presidência de Jair Bolsonaro, corroendo a credibilidade da regra, segundo muitos economistas.
O QUE PROPOSTA BOLSONARO?
O presidente apoiou repetidamente exceções ao atual teto de gastos e disse que seu ministro da Economia, Paulo Guedes, está trabalhando em alternativas para implementar em um segundo mandato.
“Há algumas mudanças que podem ser feitas no teto de gastos, como propôs a equipe de Paulo Guedes. Mas vamos deixar isso para discussão depois das eleições”, disse ele em entrevista em junho.
Guedes disse no mês passado que o teto de gastos deveria ser alterado para permitir, por exemplo, que as receitas da privatização de empresas estatais financiem programas ampliados de assistência social.
Há duas propostas principais em desenvolvimento no Ministério da Economia, segundo funcionários que pediram anonimato para discuti-las. Ambas as propostas apontariam a dívida pública sobre o produto interno bruto (PIB) como âncora fiscal de médio prazo para permitir maior flexibilidade fiscal de curto prazo.
De acordo com uma proposta desenvolvida pela equipe do Tesouro, os gastos públicos podem crescer em um determinado valor acima da inflação, desde que a dívida pública bruta permaneça abaixo de uma certa proporção do PIB.
A Assessoria Especial de Estudos Econômicos do ministério apresentou uma alternativa mais flexível em que os gastos públicos poderiam crescer acima da inflação, dependendo tanto da taxa de crescimento econômico quanto da relação dívida bruta/PIB. A regra também abriria espaço para mais gastos em caso de recessão, independentemente dos níveis de dívida pública.
O QUE O LULA PROPÕE?
Lula, o desafiante esquerdista de Bolsonaro, tem sido mais veemente em suas críticas ao atual teto de gastos. Mas ele foi tímido quando lhe pediram detalhes sobre as novas regras fiscais que iria propor.
“Sou contra o teto de gastos”, disse ele em uma reunião de economistas no mês passado. “Se você é responsável, não precisa de um teto de gastos.”
Economistas do Partido dos Trabalhadores de Lula argumentam que os gastos públicos devem impulsionar o crescimento econômico, o que, por sua vez, aumenta a receita tributária. Alguns sugerem compromissos de médio e longo prazo para estabilizar a dívida pública em vez de um teto orçamentário anual.
Em 2020, o Partido dos Trabalhadores propôs um regime tributário alternativo que trataria os investimentos públicos de forma diferente de outras formas de gasto público.
Lula responde a perguntas sobre responsabilidade fiscal apontando para sua trajetória como presidente. O Brasil registrou superávits orçamentários todos os anos de sua presidência de 2003-2010, em parte devido aos fortes preços de suas exportações de commodities.
No entanto, os gastos do setor público acabaram superando as receitas sob seu sucessor no Partido dos Trabalhadores, a ex-presidente Dilma Rousseff. Uma onda de empréstimos de bancos estatais também prejudicou a credibilidade fiscal, contribuindo para uma recessão profunda.
Dilma Rousseff foi indiciada por violar regras fiscais. Seu substituto, o ex-presidente Michel Temer, aprovou o teto constitucional de gastos do país para re-ancorar a política fiscal.
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Informações de Bernardo Caram; Redação e reportagem adicional de Marcela Ayres; Editado por Brad Haynes e Bill Berkrot
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