Desde o início do coronavírus, você deve ter recebido mensagens no Whatsapp quem falou de remédios, curas milagrosas ou quem questionou a seriedade do problema e os números publicados pelas autoridades de saúde. O fato é que existe outro “vírus” entre nós e ele se espalha muito rapidamente: notícias falsas. A própria Organização Mundial da Saúde (OMS) se refere Esse fenômeno, chamado de “infodêmico”, ou seja, a disseminação massiva de informações falsas, duvidosas, descontextualizadas, tendenciosas ou deturpadas.
É verdade que existem muitos adjetivos para descrever o problema. Isso ocorre porque, embora não exista uma definição única e precisa do termo “notícias falsas”, há muito tempo percebemos que não se trata apenas de compartilhar notícias puramente falsas.
Aqueles que contribuem para que esse mal possa crescer e se espalhar também desenvolveram seus métodos, criando frequentemente uma linha tênue entre o que é verdadeiro e o que não é, misturando elementos da realidade com outros inventados ou descontextualizados, por exemplo.
Existem vários fatores que dificultam a luta contra notícias falsas. Podemos dizer que este é um problema complexo: envolve milhões de pessoas, o uso crescente de redes sociais como fonte de informação e também a ausência de sanções específicas por crimes relacionados ao mundo digital.
Soma-se a esse cenário o fato de, diariamente, existir uma estrutura sólida, tecnológica e estrategicamente posicionada para produzir em massa conteúdos sobre diversos temas, como saúde, educação, segurança e política, sem comprometer a verdade ou o interesse público.
Pode parecer assustador, mas, de fato, há pessoas que dedicam suas vidas a gerar mentiras e, ao fazê-lo, a fazer o mal.
A boa notícia é que nunca houve tanta conversa sobre o assunto e, nas últimas semanas, vários eventos contribuíram para colocar a questão na agenda. Além disso, nunca estivemos melhor preparados para combater notícias falsas e seus efeitos negativos.
Afinal, por que acreditamos na mentira?
O Brasil está enfrentando um verdadeiro paradoxo quando se trata dessa questão: ao mesmo tempo, somos o país que mais acredita em mentiras e uma nação que se preocupa com a verdade da informação, segundo elevação de Ipsos
O combate às notícias falsas se intensificou no contexto das últimas eleições nacionais, quando as redes sociais e, principalmente, o WhatsApp se tornaram a principal ferramenta de disputa política, intensificando confrontos e polarizações na sociedade, fenômenos que eles permanecem firmes hoje.
E essa contradição entre a crença na mentira e o desejo da verdade acaba evidenciando o desafio das notícias falsas: é um problema complexo e, como Ciência, não está apenas relacionado ao lado racional das pessoas, mas também a suas emoções: argumentos de autoridade, viés de confirmação, pensamento de grupo: esses são apenas alguns dos conceitos que podem explicar o processo “não tão lógico” que nos leva para compartilhar as notícias falsas.
Além do comportamento individual, existem outras ferramentas que aprimoram esse desafio. Estamos falando de estruturas tecnológicas estabelecidas para compartilhar informações, bots “maus” e o uso intensivo de redes sociais, especialmente o WhatsApp. De acordo com a reportagem digital da Reuters Institute 2019, 58% dos brasileiros os entrevistados compartilham informações através de redes sociais, mensagens ou e-mail.
O desafio é que essas ferramentas não têm recurso para verificar as informações, ou seja, quem recebe alguns dados precisa acessar outra plataforma online para investigar sua veracidade. Uma tarefa especialmente árdua para um país como o Brasil, onde 20 milhões famílias não têm acesso a Internet.
Como podemos ver, nosso país é um cenário especialmente sensível para o crescimento de notícias falsas. Mas podemos ser uma referência positiva, pois existem iniciativas em andamento para enfrentar esse mal. E eles podem se beneficiar do uso e da inteligência que as tecnologias trazem.
A agenda atual
Estamos vivendo um momento de ebulição sobre o assunto de notícias falsas. Existem diretrizes no Legislativo Federal, como o controverso Projeto de lei notícias falsas, há também uma investigação sobre o assunto no Supremo Tribunal Federal (STF), sem mencionar a recente iniciativa que visa enfraquecer economicamente os portais que espalham notícias falsas: Gigantes adormecidos BR.
Existem também iniciativas da sociedade civil, como Redes amigáveis, um projeto de educação para a mídia que busca disseminar conhecimento e combater a desinformação nas mídias sociais, especialmente com o apoio de influenciadores digitais, um tópico que discuti na semana passada.
O problema está definitivamente na agenda e deve permanecer nos próximos meses. É fato que essas iniciativas foram altamente debatidas e devemos estar atentos ao seu desenvolvimento, principalmente para garantir que não haja violação de privacidade, a segurança de Dados usuários ou liberdade de expressão. Mas eles também são um excelente sinal de que um compromisso público com várias partes interessadas está surgindo para enfraquecer o compartilhamento desse tipo de notícia.
Mas é necessário ir além, agindo de maneira coordenada contra o problema. Para isso, tecnologias disruptivas entram em jogo: big data, blockchain, aprendizado de máquina, inteligência artificial. Todos eles permitem a análise do emaranhado de informações disseminadas a cada segundo e, principalmente, a verificação e transparência de fontes confiáveis.
E há muitos Abertura atuando sobre o tema: como Logicamente, do Reino Unido, que trabalha com a verificação de grandes quantidades de informações de um inscrição para smartphone ou Atos que permite a análise de dados para que as empresas possam vincular suas marcas a portais confiáveis. A mensagem é: combater um inimigo como ágil apenas com tecnologias muito avançadas e isso nos coloca um passo à frente daqueles que querem nos prejudicar.
O poder está em nossas mãos, ou melhor, em nossos gostos.
Vale lembrar: a ação individual é um componente crítico para o sucesso de notícias falsas. Portanto, antes de compartilhar informações sobre as quais você não conhece a fonte e a verdade, pense que elas podem causar danos imensos, inclusive a você.
As notícias falsas não prosperam sem que as pessoas ajudem a compartilhá-las, e cada um de nós tem um papel fundamental a desempenhar para garantir que eles percam nessa disputa.