Notícias falsas PL cria seguidores no WhatsApp e proíbe tiroteios em massa 24/06/2020

O senador Angelo Coronel (PSD-BA) apresentou nesta quarta-feira (24) o relatório “PL das Fake News”, que deve ser votado no Senado nesta quinta-feira (25). O texto sustentava a exigência de que as mídias sociais removessem notícias falsas, mas obrigou-as a exigir um número de telefone celular ao criar novos perfis. Também força aplicativos de bate-papo como o WhatsApp a manter registros de todos os que têm mensagens encaminhadas em massa.

A chamada “cadeia de referência” é a nova controvérsia no projeto de lei. Para o senador, isso permitirá que ele descubra quem é responsável por espalhar conteúdo ofensivo, mas as entidades que defendem os direitos digitais veem uma violação da privacidade do usuário. As plataformas também são contra.

O novo relatório exige que os serviços de mensagens mantenham, por até três meses, o nome do usuário que enviou a mesma mensagem para cinco ou mais usuários em até 15 dias. Eles também devem registrar a data e a hora em que isso aconteceu, bem como as pessoas afetadas.

O texto também proíbe as chamadas “máquinas de spam”, ferramentas que ativam massivamente as mensagens.

Poder para as mídias sociais

Em um dos trechos em que difere das versões anteriores, o relatório cria a figura de uma instituição auto-reguladora, que consistiria em redes sociais e aplicativos de mensagens. Esse órgão, por exemplo, criaria práticas de transparência a serem seguidas pelas plataformas.

Acompanhamento suspeito

Como nas versões anteriores, o relatório abandonou a luta direta contra notícias falsas e começou a se concentrar na criação de mecanismos para identificar usuários de mídias sociais que cometem crimes.

Nesse sentido, outra medida apresentada pelo relatório Angelo Coronel é um novo re-registro de linhas telefônicas pré-pagas, para que as operadoras de telefonia tenham CPF e RG válidos para todos os seus usuários. A idéia é que, a partir do número de celular em posse de redes sociais, as autoridades policiais possam se comunicar com o autor de uma publicação suspeita.

Postagens contestadas removidas

No novo texto, o senador descarta a possibilidade de os posts serem excluídos sem resposta. A mídia social não apenas terá que notificar os autores, mas também permitirá que eles apresentem argumentos para que o conteúdo permaneça no ar. Se você decidir excluí-lo, os usuários poderão recorrer da decisão.

As mensagens podem ser removidas do ar somente com uma decisão judicial, como já estipulado na Estrutura Civil da Internet. Mas o relatório oferece a possibilidade de um direito de resposta em caso de crime. Este conteúdo deve ser enviado a todos que viram a postagem que gerou a reclamação.

No caso de aplicativos de mensagens, a “cadeia de referência” também ajudará nisso, pois a retração deve atingir todas as pessoas listadas.

Outra obrigação a ser observada pelas mídias sociais é a divulgação de medidas para apelar após exclusões. A análise desses documentos será uma das tarefas do Conselho de Transparência e Responsabilidade da Internet, que será estabelecido se o projeto se tornar lei. Ela terá 17 membros, incluindo membros do Senado, da Câmara, do Ministério Público, do Comitê Gestor da Internet e da sociedade civil.

Publicidade nas redes sociais

Segundo o relatório, o setor público não poderá anunciar em sites que promovam “incitação à violência contra uma pessoa ou grupo devido à sua raça, gênero, orientação sexual, origem, religião ou preferência política”.

A medida atinge a principal forma de financiamento de alguns sites que divulgam notícias falsas e teorias da conspiração. Essas páginas são financiadas por ferramentas de publicidade programática, como o Google, onde o anunciante define apenas o público-alvo do anúncio, mas não os portais para recebê-los. Os órgãos públicos também devem informar o público que eles querem impactar.

Durante o período eleitoral, as redes sociais ainda devem informar se recebem alguma publicidade que viole a lei eleitoral. O relatório propõe uma mudança para penalizar o candidato político que faz propaganda com conteúdo manipulado, com uma multa de R $ 5.000 a R $ 1 milhão. Se alguém fizer isso em seu nome, seu mandato será revogado se você souber e não notificar o TSE.

Bem neles

O relatório diminuiu as penalidades por ofender as mídias sociais. Na nova configuração, aqueles que não cumprirem as disposições do projeto receberão um aviso e poderão até ser multados em no máximo 10% da renda do grupo econômico do qual fazem parte. Anteriormente, o texto previa a proibição de sua operação no Brasil, dependendo da gravidade do crime cometido.

O dinheiro arrecadado com as sanções financeiras será devolvido ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e à Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). E eles devem pagar pela alfabetização digital para os alunos. Como isso vai acontecer ainda precisa ser regulamentado.

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