Mais de 31.000 incêndios foram detectados na parte brasileira da floresta amazônica em agosto, marcando o número mais alto para o mês desde 2010, segundo dados da Instituto Brasileiro de Pesquisas Espaciais, INPE.
Por que isso importa: Os novos dados de incêndios ocorrem apenas algumas semanas depois que a agência espacial brasileira divulgou dados mostrando que o desmatamento na Amazônia atingiu um novo recorde durante o primeiro semestre de 2022.
O Amazonas – a maior floresta tropical do mundo – é um bastião de biodiversidade e um amortecedor crucial contra as mudanças climáticas que armazena grandes quantidades de dióxido de carbono que aquece o planeta.
- Pesquisa publicada no início deste ano revelou que a maior parte da floresta tropical provavelmente está lutando para se recuperar de incêndios florestais, secas e distúrbios causados pelo homem e corre o risco de se transformar em savana seca.
- Um estudo do ano passado também descobriu que segmentos da floresta amazônica emitem mais dióxido de carbono do que podem absorver devido às taxas aceleradas de desmatamento e mudanças climáticas devido ao aquecimento global causado pelo homem.
Pelos números: O INPE observou um total de 31.513 alertas de incêndio por meio de monitoramento por satélite na Amazônia brasileira nos primeiros 30 dias de agosto, superando os 30.900 incêndios detectados pelo instituto em agosto de 2019.
- Os incêndios de agosto de 2019 chamaram a atenção do mundo apenas alguns meses depois que o presidente Jair Bolsonaro assumiu o cargo, levando os países do G7 a entregar um pacote de ajuda de US$ 20 milhões ao Brasil.
- O instituto registrou 45.018 incêndios em toda a Amazônia brasileira em agosto de 2010, o maior número para aquele mês desde que o INPE começou a manter registros em 1998.
- O INPE detectou 44.419 incêndios até agora em 2022, embora a alta temporada de incêndios na região geralmente continue até setembro.
Sim, mas: Os dados não especificam a gravidade dos incêndios, como eles começaram ou quantos hectares de floresta tropical foram destruídos por incêndios até agora este ano.
O panorama: O Brasil está a poucas semanas de realizar suas eleições presidenciais em outubro, e pesquisas recentes mostram o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva à frente do atual Bolsonaro.
- O desmatamento da Amazônia brasileira acelerou desde o início da presidência de Bolsonaro em janeiro de 2019.
- Bolsonaro fez campanha em 2018 para abrir a floresta tropical para novos empreendimentos econômicos e reformar as políticas ambientais destinadas a conter o desmatamento, incluindo multas por extração ilegal de madeira, caça e pesca. Ele também cortou o orçamento do principal órgão ambiental do país em 24% após assumir o cargo.
- O Brasil juntou-se a mais de 100 líderes mundiais no compromisso de deter e reverter o desmatamento das florestas do mundo até 2030.
- Lula propôs políticas que tentam equilibrar a proteção da Amazônia com os interesses da agroindústria brasileira, como a oferta de empréstimos agrícolas para estimular o cultivo de soja e milho em pastagens subutilizadas, segundo Reuters.
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