A ocupação do leito na UTI (unidade de terapia intensiva) está atingindo seu limite no Brasil devido à crise de saúde do coronavírus. O país não está reagindo ao nível da China, que em dez dias construiu um hospital inteiro com mil Camas– Mas pesquisadores e empresas foram rápidos em desenvolver projetos que expandem os cuidados médicos. Duas dessas iniciativas. envolvem contêineres e ônibus antigos.
Uma startup brasileira criada com profissionais de saúde e engenharia inventou um modelo para transformar contêineres em hospitais de campo, onde é possível fazer de tudo, desde cuidados de baixa e média complexidade até a instalação de leitos de UTI.
Paralelamente, um aluno da USP (Universidade de São Paulo) criou um projeto que reutiliza ônibus antigos, recentemente retirados de circulação na região metropolitana de São Paulo, transformando-os em um hospital de campanha.
Em pelo menos quatro estados brasileiros (Pernambuco, Rio de Janeiro, Ceará e Roraima), mais de 90% das vagas destinadas ao tratamento de pacientes com covid-19 eles já estão ocupados.
Container para cuidados intensivos
Quem olha para fora vê apenas um recipiente refrigerado. No interior, o compartimento é convertido em UTI, centro cirúrgico, centro de infusão ou hemodiálise, unidade de produção e transporte de medicamentos ou estoque de medicamentos. O cubo móvel de pressão negativa desenvolvido pela startup O cubo permite diferentes níveis de esterilização dentro da estrutura.
Em outras palavras, se agora precisamos de camas, os contêineres se tornam UTIs. Porém, no futuro, esse mesmo espaço poderá ser transformado em laboratório para a produção de possíveis medicamentos e vacinas contra o vírus.
Para desenvolver a tecnologia, a The Cube investiu cerca de R $ 500 mil. O valor desse cubo individual é de aproximadamente R $ 300 mil, aproximadamente 30% mais barato que um projeto convencional (custo médio de R $ 400 mil), e o prazo de entrega do projeto é 40% mais ágil, segundo a empresa. .
Além disso, por serem contêineres, são fáceis de mover. Seria então possível remover a unidade de uma área onde já cumpriu sua missão e movê-la para outra onde a pandemia ainda não foi controlada. Isso impediria o estado de realocar pacientes para regiões onde ainda existem camas disponíveis.
Segundo Elizabeth Maccariello, médica e diretora executiva do The Cube, o sistema também pode complementar os cuidados em hospitais de campo, tornando-os mais seguros e evitando o risco de contaminação pelas equipes de saúde. “Nossa tecnologia promove o acesso à saúde de populações em áreas distantes dos centros urbanos, com baixa densidade populacional, em situações de catástrofe ambiental ou em áreas de conflito permanente”, diz ele.
“Hospital-ônibus” para tratar pacientes
Uma pesquisa realizada por estudantes da FAU-USP (Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo) constatou que 83% das pessoas deixaram de procurar atendimento médico desde o início da quarentena em São Paulo. Pensando nisso, um aluno da instituição encontrou uma maneira de transformar os ônibus fora de circulação em hospitais móveis de campo.
O projeto intitulado O-SI (Barramento de Saúde Imediato) abriria mais vagas em hospitais, direcionaria sua atenção para casos envolvendo a covid-19 e diminuiria o risco de pacientes com outras condições de saúde serem contaminados pelo coronavírus.
Qualquer ônibus da cidade poderia se adaptar para se tornar um O-SI, mas o melhor modelo seria um Padron, com 13 metros de comprimento e quatro portas. As portas de entrada poderiam permitir a entrada de pacientes e médicos; a parte de trás, a circulação de suprimentos e a parte técnica.
No interior, o O-SI seria dividido em três partes: por trás, a área técnica, com um estoque de suprimentos, uma usina de energia e gás e uma impressora 3D; no centro, a parte clínica funcionaria; e na frente, isolamento do condutor.
A proposta já foi enviada à cidade de São Paulo para análise. Segundo a USP, o projeto também está na Prefeitura para discutir sua viabilidade.
Andre Enrico Cassettari Zanolla, do quinto ano de arquitetura da FAU e coordenador do projeto, diz que são necessários R $ 150 mil para adaptar o espaço interno de um único ônibus. Além do governo, o aluno também apresentou o projeto ao Todos pela Saúde, um grupo formado por bancos privados que criaram um fundo para combater o coronavírus.