Por Ricardo Brito e Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) – O juiz do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes ordenou a suspensão do aplicativo de mensagens Telegram nesta sexta-feira, dizendo que ele se recusou repetidamente a cumprir ordens judiciais ou cumprir as leis do país, de acordo com uma cópia da decisão vista pela Reuters. .
A decisão de Moraes, que provavelmente alimentará o debate sobre a liberdade de expressão no Brasil politicamente polarizado, representa o mais recente capítulo na batalha por justiça contra o presidente de extrema-direita Jair Bolsonaro e seus aliados.
O presidente e seus apoiadores estão cada vez mais confiando no Telegram como uma forma de comunicação de massa, já que grandes empresas de tecnologia como a Meta, dona do aplicativo de mensagens WhatsApp, Google e Twitter, foram forçadas pela Suprema Corte a cancelar contas ofensivas por supostamente espalhar desinformação. .
Moraes está liderando uma série de investigações da Suprema Corte contra o presidente e seus apoiadores por espalhar notícias falsas que irritaram muitos da direita e levantaram questões sobre o exagero judicial.
Sob a decisão de Moraes, o Telegram falhou repetidamente em bloquear contas ofensivas e ignorou decisões judiciais.
Ele deu a Wilson Diniz Wellisch, chefe do regulador de telecomunicações Anatel, 24 horas para implementar a suspensão, que permaneceria em vigor até que o Telegram cumpra as ordens judiciais pendentes, pague uma série de multas e apresente um representante do país na Justiça.
Moraes também ordenou que a Apple e o Google ajudem a impedir que usuários de suas plataformas usem o Telegram no Brasil.
O Telegram, que se mostrou popular entre grupos de extrema-direita em todo o mundo, não respondeu imediatamente a um pedido de comentário. A Polícia Federal não quis comentar.
Na Alemanha, onde a mídia local informou que a polícia bloqueou 64 de seus canais em fevereiro, ela foi acusada de alimentar uma subcultura cada vez mais virulenta de teóricos da conspiração antivacinas que trocam notícias sobre supostos perigos e organizam protestos que se tornaram violentos.
Em janeiro, Bolsonaro acusou a principal autoridade eleitoral do país de “covardia” por considerar banir o aplicativo de mensagens em meio a preocupações sobre seu uso para espalhar “notícias falsas”.
(Reportagem de Ricardo Brito, Lisandra Paraguassu, Peter Frontini e Pedro Fonseca; Roteiro de Gabriel Stargardter; Edição de Stephen Eisenhammer e Jonathan Oatis)