Por que dois projetos térmicos no Brasil estão sob pressão ambiental

Por que dois projetos térmicos no Brasil estão sob pressão ambiental

Dois projetos termelétricos que somam mais de 2,3 GW no Brasil estão em meio a controvérsias ambientais.

No estado do Maranhão, o Ministério Público (MPF) ajuizou ação civil pública exigindo que a Geradora de Energia do Maranhão (Gera Maranhão) suspenda a instalação da usina Geramar III em São Luís município.

O MPF também solicitou ao órgão licenciador ambiental do Ibama a suspensão da licença prévia do empreendimento, devido a irregularidades no processo de licenciamento.

De acordo com a ação, São Luís negou o certificado de uso e ocupação do solo para o projeto na zona industrial 2-ZI2 do distrito industrial, onde é proibida a instalação de usinas termelétricas.

Com capacidade de 1.783 MW, uma das maiores do país, e movido a gás natural, o projeto ultrapassa os limites de poluição do ar determinados pela legislação nacional. autoridade ambiental Conama, segundo dados fornecidos pela empresa e validados pelo Ibama.

Além disso, a Secretaria de Urbanismo e Habitação de São Luís (Semurh) informou que o projeto está localizado em uma área de fundo de vale, destinada à recarga de aquíferos, reservada para uso sustentável e não para atividades potencialmente poluidoras.

“Portanto, a instalação da usina termelétrica neste local pode causar danos não só ao ecossistema, mas também aos moradores da região da Vila Maranhão e a várias comunidades existentes na zona rural de São Luís”, disse o MPF. em uma declaração.

No Rio de Janeiro, as quatro termelétricas flutuantes Karpowership contratadas durante o procedimento competitivo simplificado em outubro de 2021 não possuem estudo de impacto ambiental, apesar de seu alto potencial poluidor, segundo a mídia local G1.

A empresa turca também planeja instalar as unidades Karkey I (255MW) e II (115MW) e Porsud I (115MW) e II (75MW) em barcaças na baía de Sepetiba.

Essas unidades seriam alimentadas por um navio de armazenamento e regaseificação de gás. O gás líquido entregue por outros navios seria convertido em forma gasosa antes de ser distribuído.

Além das usinas, também estão previstas 36 torres de transmissão, das quais sete teriam que afundar até o fundo do mar.

Ricardo Baitelo, coordenador de projetos da ONG ambiental e energética IEMA, observou que as usinas termelétricas já estão operando perto da Baía de Sepetiba, então os proprietários da Karpowership teriam que explicar como a qualidade do ar seria afetada.

Sobre o empreendimento maranhense, ele disse que os estudos técnicos exigidos no processo de licenciamento sugerem que a instalação da usina, quando somada a outras fontes poluidoras existentes na região, causará concentrações de dióxido de nitrogênio acima das recomendações da OMS.

“Vale a pena notar que Maranhão O estado não possui uma estação de monitoramento da qualidade do ar cujos dados estejam disponíveis publicamente, o que mantém a sociedade no escuro sobre essa questão”, disse ele à BNamericas.

Procurado pela BNamericas, o BTG Pactual, dono de um fundo de investimento que controla 25% da Gera Maranhão, não quis comentar o assunto.

E comentando sobre seu projeto, a Karpowership disse em comunicado enviado à BNamericas que “segue todas as solicitações e exigências do órgão de licenciamento ambiental, Inea, que tem ampla autonomia para decidir sobre o andamento desse processo de licenciamento”.

Disse ainda que implementa os seus projectos garantindo a protecção do ambiente e que as unidades flutuantes deixam uma pegada ambiental menor do que as plantas em terra.

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