Todo mundo sabe que água com sabão e álcool formaram uma dupla dinâmica para impedir o novo coronavírus. No entanto, quando se trata de limpeza intensa, o alvejante é mais versátil, sendo útil para limpar o chão e até mesmo para limpar os alimentos. Mas qual é a proporção correta dessa substância com a água comum para as situações de luta contra o vírus?
Se a idéia é limpar maçanetas, pias e objetos como latas de refrigerante compradas comercialmente, uma solução contendo 25 ml (meia xícara de café) de água sanitária para cada litro de água é suficiente.
É importante observar que esta solução não é adequada para limpar móveis de madeira, tecidos e plásticos, pois o alvejante é alvejante e tende a alvejar materiais como esses.
Para limpar pisos frios, solas de sapatos e produtos de higiene pessoal, cada litro de água deve receber 50 ml (uma xícara de café) de alvejante.
Quanto à desinfecção de alimentos como vegetais, a recomendação é usar uma colher de sopa de cloro para cada 1,5 litro de água.
“Primeiro, é necessário lavar os vegetais com água corrente em abundância. Depois, os vegetais devem ser imersos por pelo menos 15 minutos”, diz Álvaro Pulchinelli, toxicologista do Fleury Medicina e Saúde. Depois disso, lave os alimentos em água corrente para remover possíveis resíduos de água sanitária
O que o alvejante faz?
O alvejante que compramos no mercado é a diluição de um sal (NaClO, hipoclorito de sódio) em água. “Embora seja uma solução diluída, o alvejante, como é vendido ao consumidor, ainda é muito agressivo e não deve ser usado puro”, diz Antonio Florencio, doutor em química na Universidade Federal Fluminense (UFF).
O que fazer então? Coloque mais água, é claro. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, ao fazer isso, você não está “enfraquecendo” a substância, mas alterando algumas características dela.
O fator de pH do alvejante é muito alto: em torno de 11,5 e 13,5. Diluído em água, o hipoclorito de sódio sofre hidrólise e, portanto, temos a aparência de ácido hipocloroso (HClO), uma substância anti-séptica.
Por que o cloro inutiliza bactérias e vírus?
Primeiro, o alto pH do hipoclorito de sódio significa que as proteínas e enzimas que esses microrganismos usam para sobreviver não “funcionam” adequadamente, atuando na conformação, ou seja, na estrutura tridimensional desses seres.
Quando a substância é diluída, o ácido hipocloroso aparece e o alvejante se torna um poderoso oxidante. “Lá, promove mudanças químicas nos componentes de vírus e bactérias o suficiente para destruí-los”, acrescenta Laura de Freitas, médica em biociências e biotecnologia da Unesp.
Quais são os riscos para a saúde?
Antes de tudo, reiteramos o óbvio: nunca beba ou injete alvejante em seu corpo ou em qualquer outro tipo de solução ou produto que contenha a substância.
Isso porque na semana passada, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, causou problemas quando, sarcasticamente, sugeriu que as pessoas pudessem tente injetar desinfetantes ou outros produtos de limpeza para “curar” o coronavírus. Resultado: Mais de 30 americanos receberam atenção médica por ouvir o político.
Se você pretende usar alvejante para limpar, é recomendável que, independentemente da concentração, use luvas. O alvejante deixa a pele seca, removendo toda a camada protetora da epiderme e facilitando o desenvolvimento de dermatites e infecções secundárias.
“Quanto maior a exposição a esse produto químico, em termos de frequência, maior a lesão”, diz Ana Célia Xavier, dermatologista da rede de hospitais de São Camilo de São Paulo.
E mesmo ao usar luvas, é recomendável lavar bem as mãos e aplicar o hidratante após o uso do produto, garantindo assim que não haja vestígios da substância na pele. Se houver contato com as mucosas, com a boca ou os olhos, é melhor lavá-lo bem.
Em caso de ingestão acidental, a melhor coisa a fazer é consultar um médico. “O vômito não deve ser causado. É recomendável procurar ajuda médica ou entrar em contato com o centro de envenenamento da região”, diz Pulchinelli.
Se você tem animais de estimação, é importante mantê-los afastados durante a limpeza de ambientes com cloro. Se o chão estiver limpo, por exemplo, os animais de estimação só deverão se deslocar pelo local depois que ele estiver completamente seco.