Por Sabrina Valley
HOUSTON (Reuters) – O governo brasileiro nomeou o ex-executivo da Petrobras Rodolfo Landim para presidir o conselho da produtora de petróleo controlada pelo Estado, disse a empresa em comunicado na noite de sábado.
No início do dia, o almirante Eduardo Bacellar Leal Ferreira disse à Reuters que planejava deixar o cargo de presidente da Petróleo Brasileiro SA, como a empresa sediada no Rio de Janeiro é formalmente conhecida.
“O presidente da Petrobras é um trabalho de 24 horas e quero passar mais tempo com minha família”, disse Ferreira, acrescentando que tem dois filhos adultos que moram fora do Brasil.
Ferreira permanecerá até o final de seu mandato. Uma assembleia de acionistas para renovar o conselho da empresa está marcada para 13 de abril.
A substituição ocorre quando a Petrobras enfrenta pressão de investidores para aumentar os preços dos combustíveis, já que o petróleo se aproxima de US$ 120 o barril. A empresa controla os preços da gasolina e do diesel no Brasil com mais de 80% da capacidade de refino do país.
Ferreira se recusou a comentar sobre a política de preços de combustíveis da Petrobras.
Rodolfo Landim fez carreira na Petrobras antes de criar sua própria petrolífera, a Ouro Preto Óleo e Gás, e vendê-la para investidores em 2020.
Ingressou na Petrobras em 1980 e trabalhou por 26 anos na empresa, tornando-se chefe da divisão de gás natural. Em 2003, durante o primeiro mandato presidencial de Luiz Inácio Lula da Silva, Landim foi indicado pelo governo como CEO da rede de postos de combustíveis subsidiária da Petrobras, maior varejista de combustíveis da América Latina. Ele dirigiu a empresa de combustível até 2006.
Landim atualmente dirige um time de futebol no Brasil como seu presidente.
Sua confirmação como presidente é esperada, já que o governo controla o conselho com a maioria das ações com direito a voto.
Se confirmado, Landim voltará a se juntar à Petrobras com o desafio de equilibrar uma política de preços de combustíveis que agrade tanto aos investidores quanto ao governo antes das eleições presidenciais de outubro.
Na quinta-feira, o presidente brasileiro Jair Bolsonaro disse que a Petrobras poderia cortar lucros para evitar que os preços dos combustíveis subissem.
Em discurso semanal nas redes sociais, Bolsonaro disse ter certeza de que a Petrobras fará o que for preciso para proteger os consumidores de aumentos acentuados de preços.
Os comentários de Bolsonaro vêm depois que a Petrobras quebrou seu recorde histórico de lucros anuais e pagamentos de dividendos em 2021, graças à disparada dos preços do Brent. Os comentários podem provocar temores entre os investidores de que ele possa tentar entender as políticas de preços da empresa.
A política da Petrobras de buscar a paridade entre os preços dos combustíveis domésticos e os mercados internacionais irritou muitos brasileiros com o aumento do custo do petróleo Brent. Um crescente coro de políticos tem dito que a Petrobras deveria ajudar a arcar com o fardo.
Na quarta-feira, o presidente-executivo Joaquim Silva e Luna disse à Reuters que a Petrobras ainda não havia tomado uma decisão sobre os reajustes dos preços dos combustíveis.
O governo também nomeou sete outros nomes para o conselho. São eles o CEO da Petrobras, Joaquim Silva e Luna, que renovará o mandato no conselho, Carlos Eduardo Lessa Brandão, Luiz Henrique Caroli, Márcio Andrade Weber, Murilo Marroquim de Souza, Ruy Flaks Schneider e Sonia Julia Sulzbeck Villalobos.
(Reportagem de Sabrina Valle; reportagem adicional de Peter Frontini; edição de Franklin Paul e Christopher Cushing)