Teles cria site para governos monitorarem o isolamento com dados celulares 23/04/2020

As operadoras de telefonia Claro, TIM, Oi e Vivo criaram um serviço único no qual os governos estaduais, municipais e federais poderão ver “mapas de calor” dos locais onde os brasileiros são mais populosos nessa pandemia de coronavírus, usando dados telefônicos telefones celulares.

A medida vem impedir a criação de novas plataformas do tipo em cada solicitação do governo. O serviço mostrará o índice de isolamento social de cada região e dará às autoridades do governo a capacidade de comparar essas taxas com as de outros locais do Brasil.

A plataforma ficou pronta nesta terça-feira (21), segundo Marcos Ferrari, presidente do Sinditelebrasil (sindicato das telecomunicações). Foi construído pela ABR Telecom, que já desenvolve vários serviços que integram os dados da empresa, como a portabilidade numérica.

Segundo a Ferrari, já existem partes interessadas, como os estados do Consórcio Nordeste (Alagoas, Bahia, Ceará, Maranhão, Paraíba, Pernambuco, Piauí, Rio Grande do Norte e Sergipe), além do Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, Espírito Santo, Minas Gerais, Goiás e Distrito Federal.

Capitais e outros municípios também poderão acessar a plataforma, desde que tenham mais de 500.000 habitantes. Campinas (SP) e Porto Alegre (RS) também procuraram por teles.

Já começou

Semelhante ao que já está acontecendo no estado de São Paulo, o monitoramento centralizado reunirá informações dos clientes das empresas de telefonia celular. Esses dados serão usados ​​para criar “pontos de calor” nos mapas de localização. As regiões onde há maior concentração de pessoas são tingidas de vermelho e aquelas com menor concentração são pintadas de verde.

O monitoramento por telefone celular foi adotado em larga escala na Coréia do Sul para combater a crise do coronavírus. Ele chegou ao Brasil quando a cidade do Rio firmou parceria com a TIM. Então ele veio trabalhar em SP. Com algumas variações, também foi utilizado em Recife e Pará. O governo Jair Bolsonaro Ele lançaria o monitoramento em escala nacional, mas o suspendeu.

Como o sistema deve funcionar

Diferentemente do que acontece em SP, onde os mapas só podem ser verificados no Palácio dos Bandeirantes, sede do governo, a plataforma exclusiva criada pelas empresas de telecomunicações pode ser acessada através de um site.

No primeiro acesso, um termo de cooperação e responsabilidade será apresentado ao governo. O primeiro documento indica o que a plataforma oferece, suas limitações técnicas e até quando as informações serão oferecidas, segundo a Ferrari, até que o estado de calamidade pública decretado pelo governo federal esteja em vigor.

O segundo documento descreve as leis às quais a plataforma está sujeita e quais são seus parâmetros de segurança.

A chave de acesso solicitada apenas pelas administrações públicas não pode ser compartilhada com pessoas fora dessas esferas. Portanto, cidadãos comuns não podem entrar na plataforma.

Essas regras, diz a Ferrari, não estão abertas à discussão e são válidas para todos que desejam participar. “Estamos aplicando o princípio da isonomia. Aceite ou não”, diz ele. As chaves para acessar a plataforma serão fornecidas 48 horas após a assinatura dos dois termos.

Política de privacidade

O presidente do Sinditelebrasil pressiona a tecla de que os dados no site são anonimizados, ou seja, não podem ser usados ​​para identificar os clientes das quatro operadoras. Não é possível saber o sexo, nome ou número de celular dessas pessoas.

“São apenas estatísticas. É como uma catraca do metrô. As pessoas passam e a roleta registra o número de pessoas. No final do dia, a estação olha a catraca e descobre quantas pessoas passaram, mas não sabe quem aconteceu”, diz Ferrari.

Alguns especialistas argumentam que é possível individualizar os dados sujeitos a processos de anonimato cruzando-os com outras informações, como padrões comportamentais. Portanto, seria possível obter informações pessoais, algo protegido pela Estrutura Civil da Internet e pela LGPD, Lei Geral de Proteção de Dados que deveria estar em vigor em 2021.

“É impossível fazer um investimento. Não há como saber o que aconteceu na catraca, você só sabe o que aconteceu”, defende a Ferrari.

Outra preocupação dos ativistas é sobre o tratamento que os funcionários do governo podem dar aos dados. Ferrari diz que a plataforma exclusiva dos televisores não permite extrair ou manipular as informações.

O próprio site realiza uma camada cruzada para fazer comparações entre os níveis de isolamento social. Por exemplo: um prefeito pode ver o índice de sua cidade em relação ao estado ou país.

Essa iniciativa é diferente da implementada pela medida provisória 954/2020, assinada pelo presidente Bolsonaro na última sexta-feira (17) para permitir a troca de dados das operadoras de telefonia com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) para a realização de Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios) Contínua, que mede o desemprego no país.

No caso do PM, os dados não são anonimizados. Pelo contrário: eles indicam o nome, números de telefone e endereços de clientes fixos e móveis.

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