RIO DE JANEIRO / SÃO PAULO (Reuters) – O Brasil está vendo um aumento acentuado nos casos de COVID-19 à medida que a variante Omicron se espalha pelo país, pressionando os serviços de saúde e pesando sobre uma economia já instável.
Testes insuficientes e um apagão de dados https://www.reuters.com/world/americas/weak-testing-data-outage-leave-brazil-in-dark-omicron-advances-2022-01-07 causado por hackers Eles têm tornou mais difícil para os especialistas rastrear a propagação da variante altamente contagiosa no Brasil, mas há sinais cada vez mais claros de que está atingindo com força a maior nação da América Latina.
Os casos confirmados quase dobraram desde a semana passada, com a média móvel nos últimos sete dias subindo para 52.500, de 27.267 na quarta-feira passada.
Especialistas acreditam que o número real é muito maior, devido à escassez de testes e sistemas irregulares para relatar e divulgar dados ao público.
Até agora, as mortes, em torno de 120 por dia, continuam muito abaixo do ano passado, quando o Brasil foi brevemente o epicentro global da pandemia com mais de 3.000 mortes por dia.
Com mais de 620.000 mortes, o Brasil tem o terceiro maior número de mortes por COVID-19, atrás dos Estados Unidos e da Rússia, segundo cálculos da Reuters.
O presidente Jair Bolsonaro tem sido amplamente criticado por lidar com a pandemia, protestando contra os bloqueios, recusando-se a usar máscara em público e optando por não se vacinar.
Os epidemiologistas esperam que uma forte campanha de vacinação, que conseguiu que 67% da população esteja totalmente vacinada, reduza o impacto da atual onda de infecções.
Mas, à medida que a demanda por serviços de saúde aumenta, os hospitais também enfrentam escassez de pessoal, já que médicos e enfermeiros se isolam após testarem positivo para o vírus.
“Se você não conhece um amigo que tenha o vírus no momento, significa que você não tem amigos”, disse César Eduardo Fernandes, diretor da Associação Médica Brasileira (AMB).
“A situação é preocupante e alguns serviços podem entrar em colapso”, disse ele, acrescentando que as ausências de funcionários do hospital triplicaram em quatro semanas desde que a onda Omicron chegou.
Um sindicato de médicos de São Paulo ameaçou na sexta-feira uma greve na próxima quarta-feira por médicos que trabalham em clínicas públicas na maior cidade do país para exigir reforços. O sindicato disse que os médicos da linha de frente sofriam de esgotamento e falta de pessoal, pois colegas infectados são forçados a se isolar.
‘SEM DADOS CONFIÁVEIS’
A variante também está atingindo a economia em geral. A Associação Nacional de Restaurantes do Brasil disse que 85% de seus membros estão lidando com ausências de funcionários, com cerca de 20% da força de trabalho fora.
As companhias aéreas Azul SA e Latam Airlines Group foram obrigadas a cancelar voos devido à falta de pessoal, levando a longas filas em alguns aeroportos.
Para tentar mitigar o impacto, o Ministério da Saúde reduziu nesta semana o período de quarentena para pacientes assintomáticos da COVID-19 para sete dias, de 10.
Vários estados cancelaram as celebrações do Carnaval, na esperança de retardar a propagação. Rio de Janeiro e São Paulo proibiram as famosas festas de rua, embora por enquanto ambas as cidades ainda estejam planejando um desfile de samba.
Os cientistas temem que a escala total do surto só se torne clara nas próximas semanas.
Alguns bancos de dados do Ministério da Saúde estão offline desde que um aparente ataque de ransomware em 10 de dezembro prejudicou seriamente a capacidade do governo de coletar dados das autoridades estaduais de saúde. Os testes permanecem bem abaixo dos de seus pares sul-americanos.
“Estamos completamente sem dados confiáveis”, disse Alexandre Naime Barbosa, chefe de epidemiologia da Universidade Estadual de São Paulo.
(Reportagem de Pedro Fonseca e Eduardo Simões Escrito por Stephen Eisenhammer Editado por David Gregorio e Paul Simão)