Jair Bolsonaro, pressionado pela crise da COVID no Brasil, deve ingressar em um partido para concorrer às eleições do próximo ano.
O presidente de extrema direita do Brasil, Jair Bolsonaro, ingressou oficialmente no Partido Liberal (PL) de centro-direita antes das eleições presidenciais do próximo ano no país sul-americano.
Bolsonaro, que não tem partido político desde 2019 e não conseguiu reunir assinaturas suficientes para registrar o seu, tornou-se oficialmente membro do PL na terça-feira.
“É um evento simples, mas muito importante para que possamos disputar algo mais tarde”, disse ele durante cerimônia em um hotel em Brasília, a capital.
Bolsonaro deve ingressar em um partido para concorrer às eleições de 2022, nas quais deverá enfrentar um duro desafio do ex-presidente de esquerda Luiz Inácio Lula da Silva.
Em 2019, Bolsonaro renunciou ao Partido Social Liberal (PSL), com o qual ganhou a presidência um ano antes, após um conflito com a liderança do partido.
O PL faz parte do “centro”, uma coalizão ideologicamente fluida de partidos que competem por poder e nomeações, e tem 42 cadeiras na Câmara dos Deputados, com 513 membros.
A adesão ao PL consolida uma mudança política por parte do líder de extrema direita, que se apresentou como um outsider que se opõe à “política da velha guarda” quando foi eleito em 2018.
Desde então, Bolsonaro estabeleceu uma aliança com o “centro”, cujos votos no Congresso o ajudaram a aprovar leis e a se defender contra as dezenas de pedidos de impeachment que os oponentes fizeram contra ele.
O PL é o nono partido ao qual Bolsonaro ingressou em seus 30 anos de carreira política.
O presidente de 66 anos enfrentou meses de pressão sobre a forma como seu governo lidou com a pandemia do coronavírus, que matou mais de 613 mil pessoas no Brasil, além de críticas por seu suposto envolvimento em atos de corrupção, acusações que ele negou.
No final de outubro, uma comissão do Senado que investigava a forma como o governo lidava com o COVID-19 aprovou um relatório pedindo que Bolsonaro fosse processado por nove crimes relacionados à crise, incluindo crimes contra a humanidade.
A popularidade do presidente despencou para 22%, mas ele contará com a nova aliança para ajudá-lo a derrotar seu principal adversário, Lula, na disputa do ano que vem.
Lula não anunciou oficialmente sua candidatura, mas as pesquisas de opinião pública sugerem que ele tem uma vantagem sólida sobre o Bolsonaro. No início deste ano, o Supremo Tribunal Federal manteve uma decisão que anulava as condenações anteriores de corrupção do ex-presidente, permitindo-lhe concorrer ao cargo no ano que vem.