Favela Brasil Xpress: a solução de entrega

LOS ANGELES, Califórnia – Segundo dados do Banco Mundial, 16% da população do Brasil em 2018 Eu morei em favelas – um tipo de favela que, apesar da pobreza, tende a abrigar uma cultura local marcante e um grande senso de comunidade. No entanto, o governo brasileiro tende a negligenciar essas áreas, responsabilizando os moradores das favelas por encontre sua própria maneira de acessar serviços básicos como água potável e saneamento.

Dificuldades de entrega nas favelas

A entrega de produtos é outro serviço muitas vezes negado a quem mora nas favelas. Situação ainda mais agravada pela pandemia do coronavírus, pois as pessoas dependem mais das compras e doações no e-commerce. A falta de serviços de entrega é atribuída a uma série de fatores: preconceitos externos contra as favelas, dificuldade em encontrar endereços físicos dentro delas, medo do crime e agora, medo da exposição ao COVID-19.

Além disso, a pandemia fez com que a taxa de desemprego disparasse até 14,7%, o que significa que o desemprego no Brasil cresceu de 11,5 milhões de pessoas para quase 15 milhões desde a eclosão do vírus. Foi nesse contexto que Giva Pereira fundou a Favela Brasil Xpress, uma startup de logística que visa conectar vizinhos e gerar empregos nas favelas brasileiras.

O empreendedor social de 21 anos disse ao The Borgen Project que começou a empresa do zero, sentindo-se no início como um sonho distante. Mas não mais. “Hoje, estamos realmente começando a transformar as favelas em todo o país”, disse ele.

História e preocupações do Favela Brasil Xpress

Pereira diz que sempre fez sua parte para melhorar seu ambiente de vida. “Quando me mudei para Paraisópolis, morava em uma zona de risco dentro de um barraco que abrigava 10 pessoas. Eu não poderia me conformar com isso, então decidi que mudaria essa realidade. “

Ele fundou a Favela Brasil Xpress em setembro de 2020 em meio ao caos do COVID-19. A essa altura, o jovem empresário já havia identificado o problema da entrega em Paraisópolis, uma das maiores favelas do Brasil e “lar de quase 100 mil pessoas”. No entanto, ele também se inspirou em outro tema: a dificuldade de receber doações de fora.

Em resposta aos impactos sociais da pandemia, Pereira e outros voluntários forneceram alimentos e suprimentos gratuitos para as famílias mais pobres de Paraisópolis. Ao longo desse processo, eles perceberam que muitas pessoas de fora queriam fazer doações, mas foram prejudicadas por inúmeras barreiras. Isso levou os voluntários a começarem a recolher eles próprios as doações, distribuindo-as às famílias mais vulneráveis.

Enquanto continuava seu trabalho de socorro, Pereira identificou mais um problema: “A taxa de desemprego era muito alta e os voluntários também precisavam de alguma renda para ganhar a vida”, disse ele. Além disso, os proprietários de pequenas empresas de Paraisópolis encontraram dificuldades para entregar produtos dentro e fora da comunidade. Pereira resolveu criar oficialmente o Favela Brasil Xpress e começou imediatamente a procurar parceiros. Embora não tenha sido um processo fácil, as empresas começaram a se cadastrar aos poucos, principalmente depois que a startup conquistou o primeiro lugar em um concurso de logística urbana.

Pereira vê Paraisópolis como um lugar de oportunidades. “É uma cidade para mim, na verdade. É um país onde procuro tudo, onde tudo é possível ”. Embora Paraisópolis tenha sido a primeira a se beneficiar com o trabalho da startup, a equipe do Favela Brasil Xpress já começou a replicar seu primeiro modelo em seis outras favelas, incluindo o bairro da Rocinha, no Rio de Janeiro.

Estratégias e impacto

A startup Pereira trabalha principalmente com o conceito de “última milha”. As empresas de comércio eletrônico deixam seus produtos em um centro de distribuição da Favela Brasil Xpress, onde agentes comunitários fazem a entrega a pé, de bicicleta, de motocicleta, de carro ou até mesmo de veículo elétrico. “Não entregamos pacotes, entregamos felicidade”, disse Pereira. “Por muito tempo, parecia um sonho distante para os moradores ter um pacote entregue em sua porta. Mas vai além dos pacotes. Criamos empregos, promovemos a sustentabilidade e ajudamos a desenvolver a economia local ”.

Melhor ainda, alguns idosos têm a oportunidade de trabalhar formalmente pela primeira vez. Um fabricante local compartilhou uma avaliação online agradecendo a Favela Brasil Xpress, dizendo que tem sido mais fácil comprar matéria-prima e entregar seus produtos fora de Paraisópolis.

Mas o Favela Brasil Xpress não precisa ser só para Paraisópolis. É um modelo que Pereira diz que pode ser replicado em outras favelas e sua empresa já começou a fazê-lo. No entanto, ele alerta que é importante entender as peculiaridades de cada espaço e adaptar o modelo original para atender às necessidades específicas de cada comunidade. O tipo de terreno e a largura das ruas, por exemplo, devem ser considerados antes de escolher o melhor veículo de entrega em cada local.

olhando em direção ao futuro

Pereira espera que o Favela Brasil Xpress se expanda para 50 locais em todo o Brasil. Mas isso só será possível se encontrarem mais empresas interessadas em fazer parceria com eles. O Brasil continua sem oportunidades, principalmente para quem mora nas favelas. Pereira acredita que a expansão de seus negócios criará ainda mais oportunidades de emprego, desenvolverá a economia local e, consequentemente, reduzirá a pobreza nas comunidades.

– Iasmine Oliveira
Foto: Flickr

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