Em meio à pandemia do novo coronavírus, médicos e moradores relatam que alguns hospitais públicos do Distrito Federal carecem de equipamento de proteção individual (EPI), como luvas, máscaras cirúrgicas e até capas. O Hospital do Instituto Base (IHBDF), o Hospital Regional Asa Norte (Hran) e o Hospital Universitário de Brasília (HUB) são as unidades mencionadas no Jornal de Brasília por profissionais de saúde que, por medo de retaliação, pediram para não serem identificados.
No Hospital Regional de Guará (HRGu), médicos e enfermeiros relatam que começaram a receber máscaras contadas para cuidar de pacientes na unidade após o desaparecimento do estoque.
“As máscaras começaram a desaparecer. O que suspeitamos é que existe um servidor que leva você para casa em pacotes. As máscaras agora estão bloqueadas e entregues com o número correto por pessoa de plantão. E eles só são liberados com a autorização do chefe “, diz a enfermeira.
De acordo com um médico do HUB, também faltam equipamentos. “Eles passaram a informação de que gastaram o estoque de um mês em condições normais de cuidado em uma semana. Possivelmente parte dela foi roubada. As pessoas começaram a levá-lo para casa. Ele estava falando de uma luva, uma máscara cirúrgica. N95 (máscara apropriada de coronavírus) que eu nunca pude ver no hospital. Ele parece tê-lo para a equipe da UTI e é isso. A situação é muito séria, estamos muito expostos. Iniciamos uma campanha, realizada por moradores, para arrecadar doações para o HUB. Eles não estão nos dando o equipamento básico de proteção: máscaras, óculos e capas.“Ele diz sem querer se identificar.
Ela acrescenta que viu um paciente com suspeita de coronavírus na terça-feira à noite (17). “Nesse serviço, eu não tinha EPI adequado e o paciente apresentava febre alta e tosse. Liguei para o pessoal do departamento de emergência, que era a referência, eles não atenderam a ligação. Eu fiquei com o paciente ao meu lado. Na sexta-feira (20), comecei a ter febre e muita dor de cabeça. Eu melhorei, mas ainda suspeito, pode ser um resfriado ou um coronavírus. Estou isolado em casa, informei meus chefes. Pedi para fazer os exames, pois os profissionais de saúde têm prioridade em fazer os exames para não ficar sem a força de trabalho. Mas meu chefe disse que, mesmo que seja negativo, eu teria que repeti-lo uma semana antes de retornar, e era melhor eu ficar isolado “, explica ela.
Oftalmologia básica solicita máscaras N95
Outro médico disse que o equipamento estava sendo racionado, mas que não faltava. “Precisamos garantir a segurança dos moradores. Então compramos o material com nosso próprio dinheiro ”, diz ele.
Solicitada pelo relatório, o Departamento de Saúde do DF (SES-DF) enviou uma nota através de uma assessoria de imprensa negando a falta de materiais.
“O Ministério da Saúde relata que não há falta de equipamentos de proteção individual na rede. Existe um guia da Organização Mundial de Saúde (OMS) para o uso racional de equipamentos, pois, diante da pandemia, é difícil comprar esses itens. Portanto, o portfólio solicita aos profissionais que sigam as diretrizes do Plano de Contingência “, afirma o texto.
O JBr teve acesso a um manifesto enviado a Iges-DF pelo chefe de oftalmologia do Hospital de Base Institute (IHB).
“Solicitamos urgentemente que equipamentos de proteção individual sejam disponibilizados a todos os oftalmologistas do Hospital de Base, especialmente as máscaras N95, para uso constante em todas as consultas, devido às características especiais do tipo de serviço e exames em nossa especialidade, que estão expostas a secreções, independentemente do requisito da definição atual de um caso suspeito, uma vez que uma grande porcentagem de pacientes é assintomática ou não tem febre e, na iminente transmissão comunitária que estamos buscando, qualquer síndrome da gripe deve ser Covid-19 suspeito, se houver uma intenção real de proteger os funcionários do hospital e a intenção de bloquear a transmissão por contágio e tentar reduzir a ocorrência contínua de novos casos de covid-19 “, relata o setor hospitalar, que menciona a quantidade necessária de equipamento.
O relatório tentou entrar em contato com a assessoria de imprensa do Iges-DF sem sucesso.
Suporte psicológico
A presidente do Sindicato dos Empregados nos Estabelecimentos de Saúde (SindSaúde), Marli Rodrigues, afirma que a associação está dando apoio aos funcionários do setor. “Estamos trabalhando na linha da contribuição, porque estamos preocupados com a crise. Precisamos manter a população informada e o bem-estar das famílias, precisamos ter calma.”