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Bolsonaro afirma que não será acusado de possíveis efeitos colaterais da vacina Covid-19
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) defendeu nesta quarta-feira (2) que não deve ser cobrado por nenhum efeito colateral da vacina Covid-19. O discurso do presidente vai contra o contrato firmado pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) para o desenvolvimento da vacina na Universidade de Oxford (Inglaterra). No documento, a instituição vinculada ao Ministério da Saúde se compromete a arcar com todos os possíveis danos decorrentes do uso e administração do imunizante no Brasil. O laboratório da AstraZeneca, responsável pela produção da vacina, ficará isento de responsabilidade, conforme contrato. Ao chegar ao Palácio de la Alvorada, Bolsonaro não se referiu especificamente ao documento assinado pela Fiocruz, mas questionou seus seguidores que ali estavam. “Vamos supor [num contrato sobre fornecimento de vacina] o seguinte está escrito: ‘[as empresas] liberamos qualquer compensação ou responsabilidade com possíveis efeitos colaterais imediatos ou futuros. ‘ Então, você vai tomar essa vacina? “” Eu vou te mostrar o contrato completo. Quem quer que o tire saberá o que está levando e as consequências. Se eu tiver algum efeito colateral ou problema, você já sabe que eles não vão me cobrar. Vou ser bem claro, essa é a vacina ”, acrescentou. A Folha de S.Paulo mostrou em novembro que as condições de sanções e indenizações à empresa foram impostas pelo laboratório para a assinatura do contrato com a Fiocruz. A informação é da opinião do Ministério Público Federal com a Fiocruz sobre o convênio firmado com a fundação pública do governo federal. Em setembro, a Fiocruz assinou contrato que prevê a produção de 100,4 milhões de doses da vacina e transferência de tecnologia para seus produção em território nacional .O acordo de vacina também estabelece uma espécie de teto de indenização por parte da empresa, em caso de quebra de contrato ou de qualquer outra reclamação derivada de culpa com base no contrato, este valor não pode ultrapassar os valores pagos pela Fiocruz à AstraZeneca O governo federal abriu empréstimo extraordinário de R $ 1,9 bilhão para permitir a produção e aquisição de doses de vacinas pela Fiocruz. O chefe do procurador-geral da fundação, Deolind Vieira Costa, disse no documento de 5 de setembro que a discussão das cláusulas foi “o ponto mais polêmico e intenso da negociação”. No entanto, era a “única opção possível para a Fiocruz”. De acordo com a decisão, a proposta inicial da Fiocruz previa reciprocidade em relação aos direitos e deveres das partes, mas a AstraZeneca não acatou. Mesmo assim, o contrato foi assinado em 9 de setembro. Apesar da divergência sobre a redação final do contrato, a agência brasileira teria acatado os termos “tendo em vista o interesse público de acessar um produto tão importante para a saúde da população”. “Dadas as atuais circunstâncias, parece que a negociação chegou a um ponto intransponível e que aceitar a imposição tem sido a única opção possível para a Fiocruz”, escreveu Costa. A vacina desenvolvida em Oxford ainda não comprovou sua eficácia, mas é considerada uma das mais promissoras e a principal aposta do presidente Jair Bolsonaro para a imunização no Brasil.