A Comissão das Nações Unidas sobre Entorpecentes decidiu nesta quarta-feira (2 de dezembro de 2020) retirar a maconha e a resina derivada da cannabis da lista de substâncias consideradas mais perigosas, reconhecendo as propriedades medicinais da planta. A mudança obedece a recomendação da OMS (Organização Mundial da Saúde) feita em janeiro de 2019.
A decisão foi tomada por 27 votos a 25, com uma abstenção, durante uma votação da comissão austríaca sediada em Viena, a agência central da ONU para políticas relacionadas às drogas.
Agora as resinas de maconha e cannabis estão sendo reclassificadas da “Tabela 4 da Convenção sobre Drogas de 1961”, que inclui substâncias consideradas “Particularmente suscetível a abusos e à produção de efeitos nocivos“Como heroína, e “Incapaz de produzir benefícios terapêuticos”.
Agora vai para a Tabela 1, que inclui outros entorpecentes como a morfina, que a OMS também recomenda monitorar, mas admite que a substância tem potencial menos nocivo.
A decisão não elimina a necessidade de os países estabelecerem controles contra o uso de drogas. Nem a medida tem o poder de mudar, por si só, as políticas adotadas por cada nação sobre a maconha e seus derivados. Isso ocorre porque a maconha recreativa continuará a ser proibida pelos regulamentos internacionais.
A decisão segue recomendação da própria OMS e foi aprovada por 27 países. Outros 25 votaram contra e uma representação se absteve. Além disso, as delegações rejeitaram outras recomendações, como a eliminação de todas as listas de alguns componentes da cannabis.
Entre os 27 membros da comissão que votaram a favor da mudança estão: Alemanha, países da União Europeia (UE), com exceção da Hungria, Canadá, Colômbia, Equador, Estados Unidos, México e Uruguai.
Entre os países que votaram contra o reconhecimento das propriedades medicinais da cannabis estão: Brasil, Cuba, Rússia, nações da Ásia e da África, com exceções como Índia e Marrocos. A abstenção veio da Ucrânia.
Ao vivo no Facebook, o ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, disse que o governo federal foi contra a recomendação da OMS de retirar a cannabis da lista das substâncias mais perigosas, considerando que a proposta facilita e reduz o controle sobre a substância.
“O Brasil reafirmou nesta reunião do comitê de entorpecentes da ONU que a posição brasileira é consistente com a da maioria dos países do mundo no sentido de não flexibilizar o plantio ou o uso da maconha fora do uso do canabidiol, fora do componentes médicos e doenças onde há flexibilidade de uso deste produto e há uma ação eficaz deste produto “disse o ministro.
“Qualquer afrouxamento do controle desse tipo de substâncias obviamente agravará a situação do uso recreativo desse tipo de produtos e terá consequências devastadoras para toda a sociedade brasileira”, defendido.
Onyx Lorenzoni disse ainda que no Brasil, desde o ano passado, o uso do canabidiol pode ser adotado para fins medicinais em situações de patologias em que o paciente tenha uma resposta positiva ao uso. Em dezembro de 2019, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou a regulamentação para a fabricação, importação e comercialização de medicamentos derivados da cannabis.
“O Brasil já autorizou para que este produto possa ser comprado, processado e preparado nas diferentes apresentações aqui em território brasileiro e está disponível para aqueles pacientes que, eventualmente, possam se beneficiar”, disse.
“Agora existe um movimento muito claro para tentar tornar o uso da maconha cada vez mais flexível, sem limites e sem nenhum controle. O governo do presidente Jair Bolsonaro não vai permitir isso ”.