Depois de passarem uma década juntos este ano, Aline Wirley e Igor Rickli mostram que a harmonia do casal também está gravada nas paredes da casa da família, presa no meio da mata, no Alto da Boa Vista. Ambos dizem que sempre quiseram que seu amor fosse abençoado pela natureza. Quando encontraram a propriedade dos seus sonhos há oito anos, fizeram de sua casa um templo.
– Temos uma relação com esta casa de muito amor. Quando o encontramos, ele estava abandonado há mais de 15 anos. Então, o pessoal que reestruturou, pintou, Igor fez as cortinas … Tudo o que a gente é casal está aqui, o Antônio (filho do casal) veio direto pra cá quando nasceu. É mais do que uma casa, faz parte da nossa história – diz Aline.
E Igor corrobora:
– A nossa relação é simbiose com a casa, é outro casamento, uma relação muito particular com o espaço. Tivemos a sorte de encontrar um lugar incrível, mas o mais legal é que tratamos nossa casa com amor, respeito. É onde cuidamos de nós mesmos. É um lugar sagrado para nós, é um membro da família.
A dupla ainda destaca alguns cantos favoritos do lar, doce lar.
– Ele gosta de sentar ao piano, se conectar com a natureza e brincar. Temos um quarto com um sofá verde, que foi reformado depois que Igor o encontrou na rua. Tudo aqui em casa é reaproveitado. Muito vem de antiguidades. Como a casa estava abandonada, os móveis eram antigos, a revitalização foi parte importante durante todos esses anos – diz Aline.
Porém, há quatro meses, o chão sagrado da casa ficou manchado com a invasão do coronavírus e dos agressores.
– Covid voltou de uma viagem, bem no início da pandemia. Fui gravar “Génesis”, no Marrocos, e no regresso apresentei sintomas. Eu fiquei na cama. Foi assustador porque eu não sabia como agir. Fiquei isolado aqui – conta Igor, que depois viu como foi roubado o templo da família: – Nunca havíamos pensado nisso, procuramos não alimentar o medo. Mas quando aconteceu … Quando você está dentro de casa e vê gente entrando com armas apontadas para você … Não quero ninguém. Já era de manhã, já tinha acordado e visto Aline descer. Foi traumático e quebrou um feitiço que tínhamos. Tínhamos uma euforia quase juvenil. Embora continuemos otimistas, o episódio comoveu-nos.
Aline agradece ao filho por não estar em casa neste momento.
– Ele havia ido para a casa de um amigo com a avó, já que os dois também estavam em quarentena. O Antônio já mostrava irritação, tristeza com o isolamento e deixamos ele ir dar um pouco de oxigênio. No dia seguinte, sofremos o assalto. Foi uma libertação, porque se tivesse estado aqui, talvez não quiséssemos mais a casa. Como viver em paz depois disso? Todo mundo está com medo até hoje, seja o que for que tenhamos taquicardia. Procuramos orar, colocamos câmeras de segurança …