Folhapress
A frase ‘Vidas Negras Importam’ é pintada na Avenida Paulista, em SP
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – A Avenida Paulista amanheceu neste sábado (21) com a frase “A vida negra importa” estampada em seu asfalto. A pintura em frente ao Masp foi motivada pelo assassinato de João Alberto Silveira Freitas, 40, espancado e assassinado na noite de quinta-feira (19) por dois seguranças em uma unidade do supermercado Carrefour, em Porto Alegre. A obra, que terminou por volta das 5h de sábado e contou com o apoio dos colaboradores da CET (Empresa de Engenharia e Trânsito), foi coordenada e executada pelo Coletivo Arte 1, que reúne artistas de diversos segmentos. Até as 9h40 deste sábado (21), três pistas da rodovia permaneceram fechadas para secar a tinta, segundo a CET. Apenas a última faixa da direita foi liberada na direção da Consolação. A Prefeitura de São Paulo informou, por meio da Secretaria Municipal de Cultura, que a frase foi escrita coletivamente por artistas e produtores atuantes na cidade, entre eles: Pagú, Mauro Veracity, Dino, Kaur, Vera Santana, Fernanda Bueno, Opni , Imargem, Estúdio Local, Cooletivo, Marcos Visuarte, Los de siempre, Susto, Vida en el centro, Estúdio Curva e voluntários. A Guarda Civil Metropolitana (GCM) e a Polícia Militar também colaboraram para a intervenção artística, com o bloqueio de estradas e a segurança dos artistas. Em várias capitais do país, manifestações anti-racistas marcaram o Dia da Consciência Negra (20), comemorado na última sexta-feira. Em São Paulo, lideranças negras realizaram o 17 de Março da Consciência Negra, que começou em frente ao Masp e foi para uma unidade do Carrefour, localizada na rua Pamplona. O grupo desceu a rua gritando “Justiça”, “Assassino do Carrefour”, “Racistas, fascistas não vão passar”. Alguns gritavam também “Fora Covas” e “Fora Doria”. Às 18h45, o carro com representantes de entidades negras e manifestantes chegou na frente da loja. Alguns manifestantes começaram a atirar pedras na loja, que fechou as portas. Quando a predação começou, o carro com os representantes das entidades negras ameaçou sair do local. Em Porto Alegre, o protesto reuniu milhares de pessoas na noite de sexta-feira, em frente ao mercado. O ato começou às 6 da tarde e, por volta das 7 da tarde, se dispersou. Os manifestantes abriram os portões do estacionamento do Carrefour e até incendiaram as obras. Em Curitiba e no Rio de Janeiro, unidades da rede apareceram com pichações e tiveram as portas fechadas. Até o momento, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) não se pronunciou sobre o caso. O vice-presidente, Hamilton Mourão, lamentou a surra, mas disse não considerar que o episódio tenha sido causado por racismo e que “não há racismo no Brasil”.