Nesta sexta-feira, 20 de novembro, o especial Falas Negras exibiu 22 registros biográficos de personalidades que lutaram contra o racismo e lutaram pela liberdade, igualdade e justiça. Nos bastidores, os ensaios eram realizados remotamente, sob o olhar atento do diretor. Lazaro RamosAssistente Administrativo Mayara aguiar, a atriz e a treinadora de elenco Tatiana Tibúrcio e o antropólogo Aline Maia, consultor especial.
“Foi uma alegria ter certeza, a cada ensaio, que havíamos selecionado os atores certos para todo esse processo, com plena capacidade de contar histórias (…) São 22 rostos negros no horário nobre, e uma equipe com lideranças no seu maioria negra “É um marco para o audiovisual brasileiro. Sinto-me emocionada como pessoa e profissionalmente por vivê-la, além de realizar um objetivo profissional que tinha há muito tempo, que era poder dividir o set com o Lázaro ”, diz Mayara.
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A vice-diretora, Mayara Aguiar, e o diretor especial, Lázaro Ramos – Foto: Arquivo pessoal
Com anos de experiência em audiovisuais, Mayara confessa que não escapou ilesa de Negros grátis. Com testemunhos fortes e alguns ainda muito presentes na memória coletiva, foi impossível não sentir a dor do Mirtes Souzamãe filho Miguel, na interpretação de Tati Tibúrcio.
“Eu me concentro muito no set e me emociono algumas vezes, mas o desempenho de Tati me fez chorar. Não conseguia falar! Ela perde o filho. Assim que o silêncio acabou, também deve ser a impunidade.”
Tatiana Tiburcio mora Mirtes Souza, mãe do menino Miguel, de 5 anos, falecido em junho de 2020 – Foto: Glibo / Victor Pollak
O sentimento de pertencimento, aliás, é recorrente na equipe que produziu o especial. Mais do que contar histórias, Negros grátis reforça a importância de dar voz aos negros. por Sabonete samira, supervisor de produção, olhando para um set de gravação diferente, onde todos podiam se ver, deu um impulso extra.
“Foi extremamente importante e transformador fazer parte deste projeto. ‘Falas’ jogou com muito orgulho e é a prova de tudo em que acredito e do que quero para o meu povo. Temos um retrato histórico que deve ser modificado, olhado e defendido. As pessoas precisam estar atentas, lutar pela causa ”, afirma.
‘Falas Negras’ é especial do Dia da Consciência Negra da Globo – Foto: Globo / João Cotta e Victor Pollak
O especial foi desenhado e organizado pelo autor. Manuela dias, sob a direção de Lázaro Ramos. Na verdade, ele admite que, desde o primeiro contato com os textos, ficou emocionado.
“Quando li todo o material, fiquei pensando um pouco sobre como iria lidar com isso. Mas, ao mesmo tempo, sei que tudo aconteceu de verdade, não há ficção aqui. É o que produziu nossa História. Senti-me um convite a refletir sobre como vemos a história. Meu desejo é que as pessoas se sintam motivadas a agir. É a nossa história, foi o que a gente produziu. E que? O que vamos fazer com isso? “, pergunta.
Equipe ‘Falas Negras’ nos bastidores das gravações especiais – Foto: Arquivo pessoal
Para que cada história fosse contada, uma equipe de profissionais trabalhou muito para trazer identidade e força a cada detalhe. PARA Gshow, Mauro Vicente, que assina o cenário, diz que todos mergulharam na investigação para elaborar tudo da forma mais realista possível.
“Fizemos um mergulho profundo para entender como o cenário poderia contribuir para esse projeto. Segundo a narrativa, começamos em 1600, na África. Para exemplificar, criamos um dos símbolos fundamentais da nossa cultura: o baobá (cinco metros de altura) e a copa de seis metros de diâmetro), como um elemento que transcende todos esses anos. Foi um trabalho remoto muito bem desenvolvido. Eu acho que é importante ter essa determinação e vontade de fazer isso. “
Lázaro Ramos, Mauro Vicente, Tereza Nabuco e Mayara Pacífico nos bastidores do especial, ao lado do baobá criado em proporções reais – Foto: Arquivo pessoal
“Participar de um projeto como este, que retrata o contraste da desigualdade em uma sociedade que há séculos convive com a intolerância e o racismo, é uma mistura de privilégio e dor. Alguns eventos narrados poderiam ter acontecido comigo. de alguma forma, minha arte é algo de imenso orgulho. Está contribuindo para a transformação de um futuro melhor para mim, minha família e meus colegas ”, reforça Mauro.
O Baobá em proporções reais ficou pronto em duas semanas pela equipe de cenografia das Falas Negras. Na foto, Heloísa Jorge interpreta Rainha Nzinga Mbandi – Foto: Victor Pollak / Globo
Tereza Nabuco encarregou-se de levar para a tela fantasias que pudessem aproximar o público das figuras retratadas em Negros grátis. Com mais de 30 anos de experiência, a figurinista afirma que o especial foi um presente desafiador.
“Acho que tenho o privilégio de poder fazer coisas fora do comum. E quando ainda podemos fazer a diferença nessa história, é realmente um presente. Já fiz novelas, séries, mas aqui havia falas. Não contamos uma história de uma maneira dramático, íamos ouvir o que essas personalidades tinham a dizer, discursos reais. Então o meu objetivo era aproximá-los o mais possível da realidade, sem obrigação de lealdade, pois também não era um documentário ”, explica.
Os esboços feitos pela equipe do guarda-roupa ‘Falas Negras’ para retratar as personalidades – Foto: Arquivo pessoal
“Os debates anti-racistas estão evoluindo cada vez mais. As mulheres negras exercem essas questões desde que nascemos. É a lei da sobrevivência. Fiquei muito feliz por estar aqui para ouvir essas palestras, em um canal aberto do qual faço parte há tanto tempo. Ótimo ver uma equipe quase toda negra, ver tantos atores negros juntos. Eu não posso explicar como é. A representatividade é importante, sim. E Falas Negras está aqui para o provar. Deixe outros virem! ”, Exalta Tereza.
A ativista Angela Davis faz o papel de Naruna Costa no especial do Dia da Consciência Negra da Globo – Foto: Globo / Victor Pollak