O Vaticano disse que os comentários do Papa Francisco sobre a união civil de casais do mesmo sexo, parte do documentário Francesco, lançado em outubro, foram tirados do contexto e não simbolizam mudanças na doutrina católica.
O documentário, lançado no festival de cinema de Roma em 21 de outubro, atraiu a atenção mundial por incluir as falas do papa que defendem o direito dos homossexuais de formar uma família e ressaltou a necessidade de leis de união civil para casais do mesmo sexo. Os comentários do papa agradaram os liberais e geraram pedidos de esclarecimento por parte dos conservadores.
Na semana passada, a Secretaria de Estado do Vaticano enviou uma “declaração explicativa” aos seus embaixadores, que transmitiram a mensagem aos bispos. O texto foi revelado pela biógrafa papal Austen Ivereigh. Uma fonte do Vaticano confirmou a informação na segunda-feira e um embaixador no México postou o texto em uma página do Facebook.
A declaração dizia que duas frases separadas, em resposta a duas perguntas distintas, foram editadas para parecerem uma, deixando o contexto e as perguntas fora do vídeo. O diretor de documentários, Evgeny Afineevsky, disse aos repórteres que entrevistou o Papa, mas os jornalistas encontraram o vídeo em questão em material gravado pela rede mexicana de televisão Televisa em 2019. Parte do material foi omitido da transmissão televisiva.
Após a estreia do documentário, Afineevsky se recusou a discutir o processo de edição. Ele também não comentou sobre a nota do Vaticano.
O comunicado afirma que, de fato, o Papa se referiu ao direito dos homossexuais de serem aceitos por suas famílias como filhos e irmãos. Segundo a nota, o documentário corta comentários em que o Papa expressa sua oposição ao casamento entre pessoas do mesmo sexo e deixa claro que se referia às leis da união civil, que alguns países legalizaram para regulamentar benefícios como o acesso à saúde. .
Teria sido cortada a frase em que Francisco diz “é incongruente falar de casamento entre pessoas do mesmo sexo”. “É evidente que o Papa Francisco se referia a certas medidas governamentais, não à doutrina da Igreja, reafirmada por ele várias vezes ao longo dos anos”, diz a nota. A Igreja ensina que “tendências homossexuais” não são pecado, mas “atos homossexuais” são e que os gays devem ser tratados com respeito.REUTERS
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