Filmes de terror completam 100 anos representados pela revista americana Variedade em dez obras que marcaram cada década. A publicação afirma que os filmes não são necessariamente os melhores da época. O objetivo da lista é mostrar como essas obras refletem os medos vividos em cada momento.
A revista também observa que o gênero continua popular entre o público, independentemente de quão pouca simpatia desperte na crítica e nos prêmios de cinema.
Revista especializada em entretenimento escolheu empregos arrepiantes. Na foto, o clássico “Pânico”. Crédito: Dimension Films
Década de 1920: “Nosferatu”
O filme alemão “Nosferatu”, uma adaptação não autorizada de “Drácula” de Bram Stoker, foi lançado em 1922. Naquela época, o mundo estava se recuperando da Primeira Guerra Mundial e da gripe espanhola. Para a revista, o vampiro Conde Orlok representa perfeitamente o período para ser uma espécie de personificação da morte e destruição, aterrorizando uma cidade assolada pela peste.
Outras obras da década que também foram lembradas são: “Gabinete do Dr. Caligari” (1920), “O corcunda de Notre Dame” (1923), “O fantasma da pêra” (1925) e “O gato e a Canário”. (1927).
1930: “Frankenstein”
O clássico “Frankenstein” representou o resultado da arrogância humana e de suas criações. Crédito: Universal Pictures
O escolhido para os anos 30 também é uma adaptação literária, embora não muito fiel ao livro de Mary Shelly. Lançado em 1931, “Frankenstein” tem a arrogância do homem como um de seus temas centrais. Para a publicação, as atitudes arrogantes de homens poderosos, que acreditam poder mudar a ordem natural das coisas, foram o verdadeiro terror para as pessoas da época.
Vivendo na grande depressão econômica, o terror da sociedade eram os políticos e banqueiros. Outro ponto que a revista destaca é que vários filmes da época foram ambientados na Europa, em lugares como Transilvânia e Londres. Fato relacionado pela publicação aos temores ainda da Primeira Guerra Mundial, cujos conflitos se centravam no continente.
Outras características marcantes da década foram: “Drácula” (1931), “O médico e o monstro” (1931), “A casa sinistra” (1932), “King Kong” (1933) e “A Noiva de Frankenstein”. (1935).
Década de 1940: “Panther Blood”
O período teria sido marcado em Hollywood por obras que retratavam temas mais realistas, relacionados à Segunda Guerra Mundial. No entanto, alguns títulos como “Sangue de Pantera” de 1942 e “Andei com um zumbi” de 1943, ganharam as telas por meio do diretor Jacques Tourneur. O medo do desconhecido seria um tema que permeia as obras.
A década também teve alguns remakes e filmes como “The Wolf Man” (1941) e “Isle of the Dead” (1945).
1950: “Godzilla”
Diante dos primeiros testes nucleares e bombas, os filmes começaram a se concentrar em monstros acidentais. Entre as criaturas “nucleares” que ganharam as telas do cinema estão “Godzilla” (ou Gojira na versão japonesa) e “Ataque das Sanguessugas Gigantes” (1959). Outras menções honrosas da década foram “Vampiros de almas” (1956), “A mosca com a cabeça branca” (1958) e “O ataque da mulher de 15 metros” (1958).
1960: “O bebê de Rosemary”
O filme “Rosemary’s O Baby” de 1968 foi escolhido por representar o tema da conspiração e paranóia da década. A sensação de vigilância e de que o governo dos Estados Unidos estava mentindo foi o cenário perfeito para as conspirações. Outros filmes notáveis da época foram: “Psycho” (1960), “The Innocents” (1961) e “Night of the Living Dead” (1968).
1970: “Halloween”
A década se concentrou em assassinos humanos, em oposição aos monstros do passado. A mudança refletiu o medo da sociedade dos assassinatos perpetrados pela seita Charles Manson, que tinha como alvo pessoas aleatoriamente. Essa tendência pode ser observada em obras como: “Halloween” (1978) e “O Massacre da Serra Eltrica” (1974). Outros clássicos dos anos 70 são: “Carrie, the Unknown” (1976) e “The Exorcist” (1873).
Década de 1980: “The Fly”
O filme “A Mosca” reflete uma década marcada por epidemias. Crédito: 20th Century Studios
Depois de enfrentar epidemias de AIDS e Ebola, entre o final dos anos 1970 e o início dos anos 1980, filmes como “A Mosca” (1986) exploraram a deterioração do corpo humano e novas formas de atacar os organismos. Trabalhos como “O brilho” (1980), “O enigma de outro mundo” (1982) e “Poltergeist” (1982) também marcaram o período.
1990: “Panic”
Lançado em 1996 para uma geração que cresceu assistindo a filmes de terror, “Panic” alcançou um público já familiarizado com os estereótipos de gênero. De acordo com a revista, “eles já tinham visto os filmes, então riram da ideia de entrar em um quarto escuro sozinhos. Foi o filme de terror perfeito para uma década separada”. Também vale a pena mencionar recursos como “A Bruxa de Blair” (1999), “A Lenda do Cavaleiro Sem Cabeça” (1999) e “O Sexto Sentido” (1999).
2000: “Kairo”
A Variety escolheu o filme cult japonês “Kairo” (2001) para representar a década. O motivo foi seu tema digital que bate nos temores relacionados ao universo da internet e à conectividade. Outros filmes da época que envolviam tecnologia foram “A Lost Call” (2003) e “Paranormal Activity” (2007). As obras “Os Outros” (2001) e “O Chamado” (2002) também são destaques da década.
Década de 2010: “Corra!”
A corrida!” provocou várias discussões e interpretações com uma visão social. Crédito: Universal Pictures
Uma década marcada por protestos, como o #BlackLivesMatter, mostrou o clamor de algumas camadas da sociedade para se fazerem ouvir. Assim, muitos trabalhos buscaram contar histórias sob novas perspectivas, alguns com discussões sociais. Nesse contexto, o filme “Corra!” (2017) gerou muitas interpretações e debates. Da mesma forma, títulos como “Dark Girl Walks at Night” (2014) e “A Quiet Place” (2018). Também foram lembrados: “Invaso Zumbi” (2016), “Ns” (2019) e “Midsommar- O Mal No Espera a Noite” (2019).