Como os Estados Unidos não têm votação obrigatória, as campanhas devem motivar eleitores a ir às urnas | Jornal nacional

Nos Estados Unidos, o voto não é obrigatório. Portanto, as campanhas devem motivar o eleitorado a ir às urnas, como mostram os correspondentes Tiago Eltz e Alex Carvalho.

No Brasil, o voto é obrigatório e universal. Nos Estados Unidos, quem quiser votar. Mas nem sempre, quando você vê longas filas, significa que a participação eleitoral é grande. Pode ser um sinal de que votar é mais difícil do que deveria ser.

Cada estado define sua própria regra eleitoral. Na Pensilvânia, por exemplo, o eleitor pode votar antes da eleição, no dia oficial: é o que está acontecendo na região. Mas isso significa que o governo, o partido que está no poder, vai organizar as eleições que vai liderar.

O resultado é que nem sempre é um jogo justo. Uma das táticas é fechar as seções eleitorais nos bairros onde o adversário tem mais votos. O Texas foi governado pelo Partido Republicano nos últimos anos. Mas tem populações latinas e negras em rápido crescimento e mais eleitores democratas.

Em seguida, o jornal britânico “The Guardian” analisou o que aconteceu entre 2012 e 2018. Nos 50 condados com menos eleitores negros ou latinos, o número de habitantes caiu para 13.000 pessoas e o governo eliminou 34 assembleias de voto. Nos 50 condados com mais negros e latinos, a população aumentou em 2,5 milhões de pessoas. Mas, em vez de abrir mais assembleias de voto, o governo encerrou 542 assembleias de voto.

Menos urnas são mais filas, mais tempo de espera. E, como votar não é obrigatório, muitas pessoas desistem.

Esses truques para minar as eleições tiveram origem em 1870, quando a 15ª Emenda deu aos negros o direito de voto. Os estados escravistas do sul não podiam mais proibir um negro de votar. Mas, mudando as regras, eles poderiam tornar isso o mais difícil possível. E surgiram cotas eleitorais que os negros não podiam pagar, provas ou exigências absurdas, como a de que um negro só podia votar se o avô tivesse votado.

Quase 100 anos depois, em 1965, sob pressão do movimento pelos direitos civis, o Congresso proibiu essas regras por meio da chamada Lei do Direito de Voto. Com a lei, o Mississippi viu os eleitores negros saltarem de menos 7% para quase 60%.

Mas em 2013, a Suprema Corte, com maioria de juízes conservadores nomeados pelos republicanos, anulou parte da lei. No dia seguinte, o Texas implementou requisitos de verificação de identidade para votação. Permitia, por exemplo, a apresentação da posse de arma como identificação, mas não de carteira de estudante. De modo geral, os proprietários de armas são brancos no estado e os alunos são, em sua maioria, negros ou latinos. E já conversamos sobre o que aconteceu com as assembleias de voto de lá.

Trump diz que o Voting Rights Act não é necessário. Biden promete restaurá-lo se for eleito. E a disposição dos eleitores em fazer fila será decisiva para o desfecho.

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