A televisão brasileira termina nesta sexta-feira (18) 70 anos desde sua fundação de Paraíba Assis Chateubriand, também conhecido como Chatô. Para comemorar a data, o Diário do Nordeste resgata a história da mídia cearense. A primeira emissora cearense foi inaugurada aqui em 1960 na Capital, mas sua instalação começou dois anos antes.
Símbolo da modernidade
Um dos mais importantes meios de comunicação, a televisão chega a Fortaleza como um símbolo da modernidade em meio ao êxodo rural e à miséria da cidade, segundo a jornalista e pesquisadora Ana Quezado. Em sua dissertação de mestrado, Ana explorou as transformações ocasionadas pela chegada da mídia.
“A cidade que ganhou a televisão foi uma cidade que se dizia estar se modernizando. Foi considerado um elemento de grande transformação e desenvolvimento. Fortaleza recebeu o primeiro locutor do grupo Diários Associados, de Chateubriand, da TV Ceará. Começou com a Tupi em São Paulo e depois se expandiu para outros estados, demorou 10 anos para chegar aqui ”, explica Ana.
Programação ao vivo
Se hoje temos uma programação 24 horas e diversificada com programas e notícias, naquela época era mínima e totalmente vivo. As primeiras transmissões mesclavam elementos de cinema, teatro e rádio na projeção dos shows, mas eram cheios de restrições, já que não era possível movimentar a câmera, que pesava cerca de 70 kg. “Os atores tiveram que sair e entrar no enquadramento das cenas”, diz a pesquisadora.
Ana relata ainda que a chegada da televisão implicou com grande expectativa, mas também com muitas controvérsias. No início, foram mostradas cenas de beijos, o que gerou rebuliço na sociedade conservadora da época. Com isso, um jornal distribuído pela Igreja Católica passou a publicar artigos desmoralizantes da televisão.
Status do item
O advento da televisão também foi responsável por transformar a vida social do povo cearense. Atualmente, na maioria dos lares brasileiros existe pelo menos um aparelho, mas na primeira década a situação era diferente. O artigo era Muito caro, equivalente ao valor de um veículo modelo Beetle, portanto, a aquisição do dispositivo foi considerada como um poder de situação financeira.
“Quem quer que tivesse uma televisão, considerado uma pessoa rica. Durante a minha pesquisa eu morei com 12 idosos, ouvi eles contarem histórias de quando uma pessoa ia tirar uma foto de casamento, a foto foi tirada ao lado da televisão para mostrar essa importância ”.
‘Televizinho’
Além disso, a mídia foi responsável por criar o reunir a família por perto para acompanhar os horários. Não apenas família, mas vizinhos e outros conhecidos. O termo ‘televizinho’, utilizado pelo jornalista Gilmar de Carvalho, joga com essa característica.
“A chegada promoveu o que chamamos nova sociabilidade. Todos foram para a casa da pessoa que tinha televisão. Foi criado um ponto de encontro ”, explica Ana.